NEUROLOGIA
Demência de Alzheimer
Por Ana Cláudia Valério . 29 de outubro de 2020 . 14:39

Neurologista
CRM-PR 29603, RQE 19631
Membro Titular de Academia Brasileira de Neurologia
A Doença de Alzheimer é um tema em saúde de grande importância, visto que nas últimas décadas a população tem aumentado sua expectativa de vida e, junto a isso, diversas doenças crônicas, incluindo demências, têm aumentado a prevalência. A doença de Alzheimer é a forma mais frequente de demência em idosos. Hoje, estima-se que no Brasil haja mais de 2 milhões de pessoas com a doença, sendo 40 a 60% dos casos Doença de Alzheimer. Sua prevalência aumenta de modo expressivo com idade, principalmente a partir de 65 anos, chegando a 23,4% na faixa etária de 85 anos ou mais. É uma doença de causa multifatorial. Dentre os fatores de risco, o avançar da idade entra como o maior. Fatores genéticos tem uma importância em menos de 5% dos casos. Outros fatores de risco adquiridos que se destacam são hipertensão arterial, obesidade e dislipidemia. Há fatores protetores que podem criar uma “reserva cognitiva”, como grande atividade intelectual, atividade física e boa alimentação como a dieta do Mediaterrâneo (pobre em açúcar e carne vermelha). Apresentada pela primeira vez em 1906 pelo neurolopatologista alemão Alois Alzheimer em um evento científico, é uma patologia que na maioria dos casos inicia seu comprometimento cognitivo na memória. É comum o paciente começar a esquecer objetos em casa, ficar muito repetitivo em contar os mesmos assuntos várias vezes por dia, sair de casa sozinho e não saber como voltar. Posteriormente, há progressão para outras habilidades como dificuldade de localização, alucinações com o passado, dificuldade de compreensão oral e escrita. Na fase mais grave, o paciente já apresenta comprometimento para cuidados pessoais: não consegue mais se alimentar sozinho, tem dificuldade motora e geralmente já são cadeirantes ou acamados. A média de tempo entre a fase inicial e a final é por volta de 10 a 15 anos. O principal achado em exames de imagem de pacientes com Demência de Alzheimer é atrofia cerebral, principalmente no hipocampo (que é “porta de entrada” para adquirir novas memórias ). Hoje, a principal linha de pesquisa para uma possível cura da doença se concentra em parar a formação de compostos peptídeos beta-amiloides e emaranhados neurofibrilares de proteína Tau, que são responsáveis pela morte dos neurônios na Doença de Alzheimer. No momento, apesar de não haver cura para a doença, há medicamentos que tem como principal função retardar o processo neurodegenerativo. Além do tratamento medicamentoso, há a necessidade de aconselhamento da família e cuidadores sobre como manejar o cuidado desses pacientes: cuidados gerais de um paciente dependente, manejo de alucinações, depressão, agressividade entre outras coisas. Por isso, principalmente frente a um paciente idoso com quadro de esquecimentos, o ideal é a procura de um especialista para investigação.
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