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Café Analítico

Bom ou ruim

Temos a tendência ao fatalismo, a julgar os fatos como bons ou maus e isso é cultural, próprio da visão dualista ocidental. Quando algo acontece em nossas vidas, logo somos taxativos em determinar se foi algo positivo ou não. Não nos permitimos apenas viver e deixar fluir, sem rotular, sem prejulgar. Mas, há outros modos de olhar, há o caminho do meio. Existem infinitas possibilidades das quais não temos acesso por conta dos nossos sentidos limitados.

Há um conto que retrata bem o que quero dizer:

O cavalo de um camponês fugiu e seu vizinho foi, prontamente, consolá-lo, ao que o camponês reagiu: “não sabemos se isso foi algo bom ou ruim”.

No dia seguinte o cavalo regressou com outros cavalos selvagens com quem havia criado afinidade. O vizinho apareceu para felicitar o camponês, dizendo que aquilo era ótimo. O camponês insistiu que não sabia se isso era bom ou ruim.

O filho do camponês montou um dos cavalos selvagens que, desacostumado a ser montado, derrubou o menino, que quebrou a perna. O vizinho (novamente) apareceu, lamentando o ocorrido junto ao camponês, que retrucou: “não sabemos se isso é bom ou ruim”.

No dia seguinte, soldados guerreiros foram às terras do camponês para recrutar seu filho que, impossibilitado de andar, foi dispensado.

A moral da história é algo elementar: tudo que é bom ou ruim é, na verdade, relativo, dependendo de circunstâncias relacionadas – e, principalmente, da maneira como se olha para aquilo que acontece.

Talvez, devêssemos ser mais maleáveis às circunstâncias, afinal, não temos a visão do todo, um olhar de cima e imparcial sobre o que acontece em nossas vidas. Não sabemos, ao certo, se o que nos acontece é bom ou ruim e como os fatos vão se costurando ao longo do caminho.

Quem sabe, relaxar, deixar leve, seja uma atitude sábia. Fazer o que está ao nosso alcance, tomar as decisões que temos como adequadas e o que não controlamos, deixar fluir, sem fatalismo, sem julgamentos, sem rótulo. Nem tudo é inevitavelmente bom ou ruim, muitas vezes, apenas é… e isto basta.

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Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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