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Impermanência
Todos os eventos e todas as coisas mudam o tempo todo. É a lei da impermanência. Tão óbvia e simples que passa despercebida pela maioria. Mas basta um pouco de percepção para constatar sua força e veracidade.
Por Camyle Hart . 4 de agosto de 2022 . 10:45
Se tivéssemos uma compreensão maior da impermanência, talvez fôssemos menos apegados às coisas e aos desejos e, portanto, sofreríamos menos. Parar um minuto e apenas observar que tudo muda o tempo todo e que o segundo passado já é diferente do segundo presente.
Um exemplo é o envelhecimento. Estamos presos a um padrão ideal de corpo e sofremos pela transfiguração através de um acidente, de uma doença ou o normal processo do envelhecer.
Nossa sociedade construiu uma falsa imagem de eternidade, muito diferente da cultura oriental. Aqui, as condições mutáveis do ambiente são vistas, muitas vezes, como processos negativos, quando na verdade não são. As mudanças são naturais e necessárias à reciclagem humana. Um dos ensinamentos orientais diz que a vida se divide sempre em: prazer e dor; ganho e perda; elogio e censura; fama e descrédito. Essa nuance acompanha todos nós.
Outra ilusão que temos é o de satisfação no futuro. Sempre estamos na expectativa do próximo momento: a próxima refeição, o próximo final de semana, o próximo encontro. E colocamos a felicidade num futuro incerto, sem prestar atenção ao momento atual, ao que realmente acontece. Esquecemos que tudo é passageiro e sofremos com isso. Passamos a vida insatisfeitos, com a sensação do vazio, de não ter feito tudo aquilo que deveríamos. Sempre que tentamos agarrar as experiências, que por natureza são transitórias, ficamos insatisfeitos. Mas quando olhamos com consciência para a impermanência da vida, passamos a tratar tudo com mais leveza.
Essa verdade é tão simples que pode não ser compreendida: de que o fim do nascimento é a morte.
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