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Café Analítico

psicologia

Quem sou eu?

Num primeiro momento, esta parece ser uma questão simples de ser respondida. Uns podem pensar: “Eu sou… eu, que pergunta sem sentido!” Mas, basta parar um minuto, sair deste turbilhão diário de mil preocupações, ficar em silêncio e esta mesma pergunta passa a ter em si a incompreensão do universo.


Assisti, há pouco, um vídeo de um professor de física quântica, Laércio Fonseca, e ele abordava justamente esta questão. Dizia que, diferente do oriente, aqui no ocidente as pessoas tem ideia de identidade fora de ‘si mesmo’. Eu sou um número numa carteira de identidade, um endereço residencial, um gosto musical, uma forma de me vestir, a profissão que escolhi, a rede social a que pertenço, o dinheiro que consigo ter e o que posso comprar com ele. Vivemos focados e presos ao que está fora e esquecemos do que está dentro, no caso, nós mesmos.
Vivemos tão arraigados a isso tudo que nos parece a única realidade possível e o único caminho a trilhar. Mas tendo contato com algumas culturas orientais e seus aprendizados, podemos perceber, nem que seja de forma rasa, que a busca pelo ‘si mesmo’ está no sentido inverso, no voltar-se para dentro, na introspecção.
Para isso, em alguns mosteiros tibetanos, o mestre leva seu discípulo, depois que este esteja devidamente preparado, para uma caverna nas montanhas. A caverna é pequena e escura. Ali, o discípulo é fechado. Ele ficará na caverna por três anos, três meses e três dias, só recebendo diariamente comida e água por uma pequena fenda na rocha.
Depois deste período o discípulo é retirado da caverna, livre da ilusão da matéria e mais próximo do que nunca dele mesmo, de quem ele realmente é. Uma experiência para poucos.
Sozinho na caverna escura e silenciosa, sem nada que possa distrair seu olhar ou ressoar em seus ouvidos, o discípulo só ouve a si mesmo, só vê a si. Terá um longo período entregue a seu universo interior, em sua própria e única companhia, longe da ilusão do mundo. Ao sair, é um novo homem, chegou mais perto dele mesmo, da sua verdade e, com certeza, a resposta à pergunta inicial será muito distinta da dos ocidentais.
Ao tirar todas as nossas vestimentas, no silêncio do nosso universo interior, podemos perguntar novamente: quem sou eu? Conhecer a si mesmo é o grande desafio, é a grande amarra da humanidade. Como disse Mahatma Gandhi: “As prisões não são as grades e a liberdade não é a rua. Existem homens presos nas ruas e livres nas prisões. É uma questão de consciência”.

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Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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