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Café Analítico

Se o amor dói

Correspondido ou não, o amor dói. Aos que são correspondidos, a dor do constante medo da perda. Aos que não o são, a dor da indiferença. Mas, inevitável o sofrimento. Como lidar com isso? Como não se permitir?

Somos seres emocionais, movidos a impulsos primários que nos garantem a sobrevivência, como sexo e comida. Nosso cérebro, na própria anatomia, tem muito mais desenvolvidas as áreas ligadas às emoções do que à racionalidade. Assim, os que conseguem ultrapassar a genética e controlar as emoções estão um passo à frente dos demais no que se refere ao domínio da própria vida.

A dor da perda de um amor assemelha-se ao luto, à perda de alguém querido. Neste caso, a sociedade criou todo um ritual de despedida, mas no caso da perda de alguém que continua vivo, o sofrimento é calado, abafado, visto até como uma fraqueza. O fim de um relacionamento não é reconhecido socialmente como um pesar significativo, então, viver este momento pode ser bem difícil.

Porém, mesmo que pareça uma fraqueza, os danos psicológicos e físicos podem ser muito grandes. Uma pesquisa feita pela Universidade de Harvard apontou que os riscos de infarto aumentam em 21 vezes após a morte de alguém querido. Esse mesmo número serve para os casos de fim de relacionamentos. Raiva, depressão e ansiedade podem aumentar os batimentos cardíacos e alterar a pressão arterial, aponta a pesquisa.

Assim, ao envolver amor, qualquer perda, seja ela física ou emocional, é traumática e deve ser respeitada. A perda de um amor é uma morte simbólica e deve ser vivenciada como tal. Com ela, perdem-se sonhos, expectativas, planos futuros. Alguns superam mais rápido, outros nem tanto.

Nesses momentos, o que mais se ouve são frases de ‘incentivo’ como: “A fila anda”, “Um amor se cura com outro amor”, “Você precisa sair, conhecer novas pessoas”. Mas sabemos que não é bem assim. Por isso, é importante viver cada momento, não pular etapas. Não adianta estar com o coração ferido e já querer encontrar outra pessoa. É preciso estar recuperado e bem para entrar numa relação saudável e isso não acontece num passe de mágica.

Afeto e confiança demoram a ser estabelecidos e é por isso que esquecer também requer tempo. Não devemos negar o sofrimento. Não há nada de inferior nisso. E uma coisa é certa: ele passa. “Nós nunca somos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos um amor.” Freud.

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Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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