Cidades

Grupo TEAjudando faz ações de conscientização sobre o Autismo

O Dia Mundial da Conscientização do Autismo foi celebrado no último dia 02. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 18 de dezembro de 2007, com o intuito de alertar a sociedade e governantes sobre esse Transtorno, ajudando a derrubar preconceitos e orientando como lidar com o espectro. Sabe-se que o autismo não é uma doença e, sendo assim, também não tem cura. É uma condição relacionada ao desenvolvimento do cérebro que afeta a forma como uma pessoa percebe o mundo e se socializa. Caracterizado por comprometimento da interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Nesta data, vários pontos turísticos do país são iluminados de azul, cor que simboliza o Autismo, pela alta probabilidade de cinco meninos e uma menina terem o transtorno.  

Um grupo de mães de autistas da região Oeste do Paraná criou o Grupo TEAjudando, como forma de trocar experiências sobre seus filhos, dar apoio aos pais tanto emocionalmente quanto orientando como agir, divulgar o transtorno, sintomas, diagnóstico e buscar aperfeiçoamento em cursos e congressos.

Alguns dos principais objetivos do grupo é a troca de experiências entre mães, com filhos de todas as idades, em diferentes espectros, de leves aos mais severos, que compartilham suas vivências, preocupações e angustias, bem como confiança e acolhimento, dicas sobre medicamentos, quais profissionais procurar, exames, e quais os tipos de materiais a família deve montar/fabricar para serem utilizados em casa no dia-a-dia, tudo em prol do desenvolvimento desses “anjos azuis” como são carinhosamente conhecidos.

E durante o mês de abril, o grupo promoverá ações que visam divulgar o autismo para que haja diagnóstico precoce e maior inclusão na sociedade; conforme afirmou Daniela de Araújo, uma das coordenadoras do Grupo TEAjudando. “Um dos motivos da demora do diagnóstico é a falta de conhecimento das pessoas sobre o tema. Percebe-se que existe algo de errado, mas não se sabe como lidar com a criança. Por isso divulgaremos nossa campanha nas rádios, mídias sociais e na região (Medianeira, Missal, Itaipulândia, São Miguel do Iguaçu, Matelândia, Ramilândia e Céu Azul); através de folders, cartazes, camisetas, totens e faixas sobre o Autismo. Quanto mais cedo o diagnóstico e início das intervenções, mais cedo a criança terá melhorias no desenvolvimento e aprendizagem, na sua qualidade de vida, dos familiares e maior autonomia”, confirmou Daniela. E quem estiver interessado em conhecer o trabalho desse lindo grupo, basta acessar as páginas no Facebook e no Instagram @grupoteajudando.

DEPOIMENTO – A funcionária pública, Auxiliar Administrativa Patricia Adriana Matick Rosa tem um filho autista com 15 anos, Gustavo. Seu grau é considerado leve e, desde a infância, seus pais notaram que o menino tinha um comportamento diferenciado de outras crianças. Por isso, foram atrás de consultas e tratamentos na região para descobrir o que ele tinha, conforme relembrou a mãe. “Com quatro anos, pensávamos que ele possuía alguma deficiência auditiva, porque chamávamos e ele não respondia, não nos olhava. Fizemos alguns exames e audiometria, com resultado normal. Quando começou a estudar, ele era o “bebezão da sala”, era muito infantilizado para a idade, muito quieto, não te olhava nos olhos e pouco interagia com as outras crianças. Percebendo essas diferenças em relação a irmã, cinco anos mais velha, que resolvemos procurar ajuda novamente marcando consulta com Neuropediatra, a mesma depois de avaliar meu filho e fazer alguns exames enfatizou que ele não tinha problema algum, que o problema era eu e meu esposo, Luciano.Sai do consultório médico arrasada, sem chão, pois percebia que havia algo diferente nele. Gostaria de salientar que essa consulta foi realizada por convenio médico, assim fica evidenciado que nem sempre são os profissionais do SUS que dão diagnósticos incorretos, como a maioria das pessoas pensam. Passado algum tempo, e inconformada com a situação, procuramos outro profissional, Neuropediatra também, o qual diagnosticou o Gustavo com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) e TOD (Transtorno Opositivo Desafiador – comportamento restritivo em ambientes sociais). Fizemos tratamento medicamentoso e com terapias por dois anos, porém não me conformava com o diagnostico de Hiperatividade, pelo fato de o Gustavo ser muito quieto. Numa época em que o Transtorno do Espectro Autista ainda não era tão divulgado, mesmo levando relatórios dos professores e avaliações de outros profissionais da saúde para comprovar que o comportamento dele era diferente, o diagnóstico de Autismo aconteceu somente em 2014,quando ele tinha oito anos, durante uma consulta com o terceiro Neuropediatra. E foi a partir de uma pergunta simples, sobre os colegas de classe gostarem de jogar futebol que o médico diagnosticou o autismo: ‘Gustavo, seus coleguinhas gostam de jogar futebol, mas na sua sala tem muito perna de pau?’. E meu filho respondeu: ‘Não, eles têm as duas pernas normais’. Para quem não sabe, a grande maioria dos autistas não compreendem o sentido figurado e quando o médico perguntou sobre perna de pau meu filho associou alguém com deficiência, sem uma das pernas. O profissional explicou sobre o que era o autismo e relatou que os autistas têm dificuldades em entender expressões no sentido figurado. Nesse dia meu mundo caiu, me sentia culpada, não sabia o que fazer, passei pelo luto mas fui a luta como todas as mães guerreiras, que mesmo com o coração sangrando não se cansam de lutar. Hoje, sete anos após o diagnóstico, nossa maior preocupação como pais de um futuro adulto com alma de criança, é prepara-lo para o mundo lá fora, sabemos que esse mundo muitas vezes será cruel com ele e com toda a sua inocência, e essa é a causa da nossa luta diária, que as pessoas tenham empatia com as suas limitações, pois quero que o meu filho tenha a vida mais normal possível, faça parte do mercado de trabalho, construa sua família, seja independente. Hoje ele faz todos os acompanhamentos que estão disponíveis no nosso município, o que sabemos que não são muitos, temos aqui também a AMOA (Associação Medianeirense de Otimização da Aprendizagem), mas a mesma não consegue dar suporte para todas as crianças que dela dependem, alguns atendimentos ele faz particular, mas como mãe gostaria de um olhar especial do nosso município para com essas crianças, sei que somos considerados uma cidade pequena, comparado a outros municípios, mas acredito que no futuro teremos aqui mais profissionais nessa área e talvez até Centros Especializados, esse é o sonho de toda mãe. O Gustavo é um menino extremamente carinhoso, costumo dizer que me tornei um ser humano melhor depois da sua chegada, aprendi a ter paciência, a ter empatia, por causa dele adquiri conhecimentos que antes não me interessavam, hoje tenho a certeza de que ele é a melhor parte de mim, o meu Gu”, enfatizou Patricia.

DADOS – O TEA é um transtorno de amplo Espectro por isso encontramos indivíduos tão únicos, com capacidades subestimadas e com dificuldades ignoradas. Eles são considerados leves, moderados ou severos de acordo com o grau de comprometimento do Autismo na vida da pessoa. Os autistas podem apresentar doenças associadas ao transtorno, neurológicas (Epilepsia, convulsão, TOD, TDAH, depressão, distúrbio do sono), físicas (atraso psicomotor, alergias alimentares, seletividade alimentar, alergias respiratórias) e de reincidência (Garganta, Intestino, Sistema Urinário).

Os pais Patrícia e Luciano descobriram o autismo do filho Gustavo em 2014

Comentários