Ypykuéra Ára – Dia dos Povos Indígenas
Por Aladir Carlos da Silva . 19 de abril de 2024 . 15:54
Em 19 de abril, comemoramos o Dia dos Povos Indígenas, data estabelecida para celebrar a diversidade de culturas dos povos indígenas brasileiros; implementar políticas públicas que garantam os direitos dos povos originários; combater preconceitos contra eles; promover reflexões sobre a importância desses povos, destacando sua relevância para a proteção e preservação ambiental.
Em pleno ano de 2024 a grande maioria dos brasileiros – inclusive eu – ignora a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no país – por isso fui pesquisar, e olha só o que eu descobri. Estima-se que, na época da chegada dos portugueses – que na minha humilde opinião poderiam ter errado o caminho pra outro lado, mas paciência – fossem mais de 1.000 povos, somando aproximadamente 4 milhões de pessoas – se meus cálculos estiverem certos isso dá aproximadamente 73 Medianeiras, que tem , segundo o senso de 2022, 54.369 habitantes, eu acho que tem mais, duvido que você não parou pra fazer a conta.
Atualmente encontramos no território brasileiro apenas 266 povos – quase um terço desapareceu com a colonização – esses povos, são falantes de mais de 150 línguas diferentes – o que enriquece a nossa cultura.
A data foi criada no ano de 1943, por influência do Marechal Rondon, importante indigenista brasileiro e, também, devido ao Congresso Indigenista Interamericano, realizado, no México, em 19 de abril de 1940, com o objetivo de estudar a situação dos povos indígenas no continente americano e criar diretrizes e ações que os governos poderiam adotar para garantir os direitos dos povos indígenas e a preservação de suas culturas e tradições. Esse dia ficou conhecido como Dia do Aborígene Americano, dando origem a data comemorativa.
De acordo com o Censo 2022, a população indígena do país chegou a 1.693.535 pessoas, o que representa 0,83% do total de habitantes. A maior parte dos indígenas do país (44,48%) está concentrada no Norte: são 753.357 indígenas, em segundo está o Nordeste, com 528,8 mil, cerca de 31,22, as demais regiões têm a seguinte distribuição: Centro-Oeste 11,80% ou 199.912, Sudeste 7,28% ou 123.369 e Sul 5,20% ou 88.097 pessoas indígenas.
A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 775 Terras Indígenas – que infelizmente vivem sendo invadidas por grandes pecuaristas, mineradoras e garimpos ilegais – de norte a sul do território nacional.
Os povos que habitavam o Brasil na época do Descobrimento dividiam-se em quatro grupos linguístico-culturais: Tupi, Jê, Aruaque e Caraíba. Os jesuítas os classificaram em dois grandes grupos: os Tupis, povos de “língua geral”, e os Tapuias, povos de “língua travada”. Estes últimos foram depois identificados como Jês. Para melhor lidar com as tribos, os jesuítas aprenderam a língua tupi. Modificaram-na, criaram uma gramática e a transformaram na língua comum a várias tribos. Assim, a identidade cultural dos nativos foi descaracterizada, tornando-os alvos mais fáceis para os interesses dos missionários – que claramente não eram os mesmos dos povos indígenas que aqui habitavam.
Em 1943 foi estabelecido o decreto-lei nº 5.540, com o nome de Dia do Índio, a alteração de Dia do Índio para “Dia dos povos indígenas” ocorreu em 2022, através de uma lei sancionada pela então deputada federal, e hoje presidente da Funai, Joenia Wapichana, de um grupo étnico Aruaque do estado de Roraima. Segundo ela, a mudança tem o objetivo de explicitar a diversidade das culturas dos povos originários.
Minha gente, o tema dá pano pra muitas mangas, mas deixemos para outro momento falar da triste realidade que vivem nossos povos indígenas, deixo aqui o meu apelo parafraseando Renato Russo:
…Mas o Brasil vai ficar rico,
Vamos faturar um milhão,
Quando vendermos todas as almas,
Dos nossos índios num leilão…
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