Quais são as consequências para a economia? Quem pagará a conta?

É uma situação muito delicada porque, a conta, no final das contas, quem pagará somos nós. Porque são menos pessoas consumindo, menos concorrência e os preços tendem a aumentar. A economia sofrerá, alguns mais, outros menos. Alguns setores serão beneficiados porque precisaremos nos alimentarmos, irmos às farmácias comprar remédios para controlarmos alguma doença que já estávamos em tratamento; as pessoas ficarão em casa, mas não pararão 100% definitivamente. No entanto, setores como turismo e aviação vão sofrer muito com esses dias (ou semanas) de quarentena. Algumas empresas pagarão muito caro com o encerramento das atividades em função de um problema que é muito grave. Há algumas que conseguem se manter por mais tempo, tem outras que não conseguirão pagar funcionários se ficarem paradas por dois meses ou mais, ao assumirem custos sem ter receitas por muito tempo.

E o que dizem os especialistas sobre o futuro da economia?

Qualquer que seja a especulação sobre crescimento maior ou menor é puro jogo de palavras, não existe nenhuma probabilidade de alguém acertar se a economia no Brasil ou no mundo vai crescer ou cair 1,5% em função do Coronavírus. Até porque ainda não chegamos ao efeito principal desse vírus, pode ser muito pior. Porém, a economia tende a se recuperar muito rápido, assim que for contornada essa situação. Portanto, de momento, é algo inesperado, a economia reage dessa forma, tudo vai para baixo. Os especialistas estimam que haverá uma recessão global, sem qualquer proporção, mas ainda espera-se que a economia mundial deva crescer 2%; se for menos que essa porcentagem, a recessão será muito forte.

O Coronavírus influencia ou não no valor do dólar?

Influencia muito. É o efeito da economia em desespero, em que as pessoas buscam aportar o dinheiro aonde for mais seguro. Nós queremos rendimento para o nosso capital, mas também queremos segurança. Se você for investir, qual será a sua segurança? Se eu investir cinco reais, terei de volta esse dinheiro? Se eu tenho confiança, invisto; com juro atrativo, mais ainda. Porém, num momento de crise como esse, as pessoas tendem a buscar segurança no dólar; que é uma moeda de conversão com liquidez tranquila – independente da onde estiver, será aceito como moeda. Por isso, o dólar continuará subindo, pressionando as outras moedas em função das pessoas tirarem o dinheiro das empresas ou investimentos de qualquer país e compram o que for mais seguro – e o mais seguro neste momento é o dólar, que continuará subindo. E se não subir, será por algum ajuste interno de cada economia. Se a economia estiver bem preparada, não permitirá que o dólar suba muito.

E qual é o nosso dever como consumidores?

Deveríamos, mas não estamos colaborando. Fui a dois supermercados na segunda-feira passada (16) para verificar o movimento por curiosidade. Em apenas um deles, chegou a atender três mil clientes em apenas um dia, algo impensável. Também li notícias que em supermercados em Curitiba tiveram o maior faturamento da sua história. Significa que as pessoas estão indo demais ao supermercado. No entanto, a indústria está muito forte, consegue abastecer a todos os supermercados e não perderam a logística de distribuição – é desnecessária essa correria e devemos comprar somente aquilo que costumávamos comprar. Devemos contribuir, não nos preocuparmos com o desabastecimento. E outra dica importante: melhorarmos nossa consciência como consumidores e fazermos compras com uma listinha. Poucos consumidores com a lista de compras, famílias inteiras dentro do supermercado, o que acaba contribuindo para que aconteça compras desnecessárias.