Especial

O AGRO NO DNA

Jovem agricultor mostra que conhecimento e coragem são as marcas do campo

O começo desta história tem dois personagens principais: Marinei F. Sciega Carrer nascida em Santa Catarina e Vanderlei Carrer natural de Medianeira (PR).  Ela veio para Medianeira em busca de oportunidade, direcionando seus estudos e trabalho para a área de administração. Foi aqui que conheceu e casou-se com Vanderlei. Ele, de família de produtores rurais, tinha como atividade em sua propriedade gado de leite, porcos e galinhas, visando a subsistência da família, e também cultivavam grãos: feijão, trigo, milho e soja, além de hortaliças e olerícolas, direcionados para a família e vizinhos.

O que no início era voltado para a subsistência, com o tempo e a evolução, se transformou em uma lavoura comercial. Isso devido ao surgimento de equipamentos mais modernos, variedades mais adaptadas, expansão agrícola, melhoria das técnicas empregadas e a grande escalada da commodities milho/soja/trigo pelo mundo. Foi nessa fase que surgiu o terceiro personagem dessa história: Arthur Sciega Carrer, nascido em 22 de janeiro de 2002. “Um dia bem peculiar, pois meu pai estava em colheita de soja e minha mãe indo para o hospital em trabalho de parto. Brinco com essa situação até hoje, que eu não nasci em um hospital, mas sim em cima de uma colheitadeira, pelo gosto que tenho pela agricultura e pela data de nascimento ser um período de muito trabalho nas lavouras. Seis anos depois nasceu minha irmã Maria Rosa Sciega Carrer”, conta.

O campo passou a fazer parte da vida de Arthur, efetivamente, aos seis anos. “Minha mãe viajava bastante a trabalho e sem ter o que fazer em casa, somente com a cuidadora, meu pai teve a brilhante ideia, que agradeço até hoje, de me levar junto para as operações nas lavouras, principalmente na época de colheita, em que era mais ‘tranquilo’. Tenho lembranças de ficar sentado dentro da cabine da colheitadeira vendo meu pai colher. Ele me conta muito sobre esses momentos, que me colocava para dormir no chão da cabine da colheitadeira”, recorda Arthur.

Esses primeiros “passos” na agricultura, o levaram a estudar no Colégio Agrícola Manoel Moreira Pena, em Foz do Iguaçu. “Foi uma das minhas melhores escolhas até hoje. Nesse período, aprendi que o rumo que eu estava tomando tinha muito a ser estudado. Passei três bons anos de minha vida lá, aprendendo novas técnicas, fazendo os primeiros networkings com pessoas que tinham grande conhecimento e, também, aprendendo a me virar sozinho”, destaca.  

A partir desse conhecimento inicial, Arthur começou a implantar alguns experimentos na propriedade da família. “Vínhamos de épocas ruins no ramo agrícola por conta de estiagem e outros momentos inconvenientes. E foi aí que surgiu a parceria com a Sicredi, a partir da qual iniciamos os processos de custeio agrícola, visando ter segurança em nossos cultivos, oportunidade de comprar melhor e fizemos outros investimentos, buscando sustentabilidade, produtividade e, claro, ter com quem contar”, relata.

Apesar da desconfiança do pai em relação à tecnologia, Arthur seguiu em frente, testando novos manejos, que acabaram refletindo em boas produções de soja, milho e trigo, e outras nem tanto. “Sempre trocávamos muita informação e as vezes aconteciam conflitos, tudo dentro na normalidade. E aos 17 anos eu já estava decidindo sobre quais insumos usaríamos na propriedade”, salienta Arthur com orgulho.

O futuro profissional dele, que já estava traçado desde o nascimento, foi sendo construído degrau a degrau. Após a conclusão do curso de Técnico Agrícola, Arthur retornou para Medianeira e iniciou a graduação em Agronomia, no Centro Universitário UDC Medianeira, e hoje está no 10° período. “Sempre busco tecnologias para aliar ao manejo no campo, e a partir disso veio a oportunidade de adquirirmos um drone de pulverização agrícola, em parceria com a Sicredi e a empresa Farming Solutions Cascavel, no ano de 2023. Na época, o pessoal pedia para meu pai se ele tinha batido a cabeça na pedra, por fazer a compra de um produto novo e inexplorado, mas com muito empenho, dedicação e portas abertas para o conhecimento, provamos o contrário. Antes, tínhamos um gasto de 8 a 10 mil litros de água para pulverizar uma área, atualmente fazemos com 700 a 800 litros, fora a redução de defensivos, que conseguimos dimensionar e otimizá-los, gerando menor impacto ambiental, zero amassamento, ah esse zero amassamento deu o que falar”, comenta o acadêmico de Agronomia.

Ele complementa empolgado sobre o tal do zero amassamento. “Imagine você colher uma área 100% sem ter nada de rastros abertos pelo pulverizador? Pois é, já estamos na 3ª safra com esse trabalho. Com aplicação localizada, temos mais precisão na pulverização e seguimos melhorando técnicas de plantio e cultivo, visando o sequestro de carbono no solo, através de rotação de culturas e cobertura vegetal. Sempre buscando uma produção mais sustentável e, claro, rentável, para que em anos com eventos climáticos atípicos, tenhamos menos impacto na produção”, explica.

Essa evolução e coragem de Arthur lhe renderam belas oportunidades. “Fui convidado a integrar o Comitê Jovem da Sicredi, nem pensei duas vezes e aceitei o convite. Essa participação abriu novas portas, tanto para mim quanto para minha família, mostrando um outro lado do cooperativismo e que a Sicredi vai além de uma instituição financeira. Nos encontros do Comitê Jovem tive acesso a novas ideias e opiniões com pessoas de diferentes localidades, possuindo a mesma realidade ou distinta da minha. Participei de muitas entregas de reconhecimento por ações sociais, disseminação de conhecimento, auxílio a pessoas que nem se quer eram vistas e o trabalho que faziam pela sociedade”, ressalta o jovem.

Algo que ficou marcado na fala de Arthur é a importância do conhecimento adquirido. “Um dos carros chefes da nossa região é o Agronegócio, e tive o privilégio de participar de muitas palestras destinadas à comercialização de safra, insumos, época que temos que nos atentar, dentre inúmeros projetos que a Sicredi propõe e realiza pela nossa região, visando técnicas sustentáveis e rentáveis, transformando locais e pessoas”, reforça.

Com a agricultura no DNA, ele presta sua homenagem a todos os agricultores, data celebrada em 28 de julho. “Faça chuva ou faça sol, tempestade ou calmaria, estamos sempre apostando tudo a céu aberto, acreditando em cada semente depositada, semeando a esperança com braço forte e safras melhores. Feliz dia do Agricultor”, finaliza.

 

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