UNIMED OESTE DO PARANÁ
Os ensinamentos que profissionais de saúde e pacientes tiveram da Covid-19
Na quinta e última reportagem da série sobre o trabalho da Unimed Oeste do Paraná no combate à pandemia, trazemos os depoimentos de uma médica que está na linha de frente e de uma família que passou pela doença
Texto por Ana Cláudia Valério . Fotos por Divulgação . 22 de janeiro de 2021 . 16:50
Longe de todas as expectativas, iniciamos o ano de 2021 ainda na luta contra a Covid-19. Ao longo desses meses de pandemia, tivemos o trabalho intenso dos profissionais de saúde, pacientes infectados, pessoas curadas e muitas mortes. “Foram vários sentimentos, muitas fases de sentimentos, porque é uma doença desconhecida, que a gente ainda tem buscado conhecer. De início a sensação era de pânico mesmo, não só o medo do desconhecido, mas o medo de não ter o que fazer frente ao paciente contaminado, que chegássemos a uma situação de não ter leitos para salvar o paciente, para dar o mínimo de dignidade, de socorro. Depois, a gente foi buscar conhecimento, ler artigos, assistir aulas e conversar com colegas do exterior que estavam vivendo uma fase mais adiantada do vírus. E por volta de junho/ julho vivemos a primeira fase aguda da pandemia aqui na região. Foram tempos difíceis, em que trabalhamos bastante, muitas horas por dia e a noite tínhamos reuniões para definir os protocolos, tratamento”, relembra a médica Dra. Caroline Valverde, que está a frente da Central Sentinela em Matelândia.
Ela, que sempre esteve na linha de frente contra a Covid-19, também se contaminou, ficando 15 dias afastada. “Ao mesmo tempo em que foi ruim adoecer, eu vejo um lado bom, porque quando você passa por aquilo que o paciente sente, você vê de outra maneira. Quando o paciente dizia: ‘Dra. eu tenho uma falta de ar, uma pressão no peito’, você imagina, mas não sabe o que é, quando você sente é diferente. Eu tive essa experiência de ter a doença, ter medo da morte, medo de não poder estar com meus familiares. Vivi todas as fases e continuo vivendo, essa segunda onda que chegou no Brasil, leitos lotados e perdas de pacientes que a gente tinha vínculo. Tudo isso gerou muitas angústias para nós profissionais, mas estamos aí tendo que trabalhar, enfrentando”, desabafa a médica.
Falta de ar, pressão no peito, cansaço são alguns dos sintomas do novo coronavírus, mas segundo Silvana Grassi o emocional também pesa muito. Ela e toda a família tiveram Covid-19 ainda em junho do ano passado. “Tínhamos medo das reações, porque eu sou asmática e hipertensa. Depois veio toda a parte do isolamento, que mexe com o emocional, presos dentro de casa, tendo que receber a ajuda dos outros, que deixavam as coisas do mercado lá fora, nos serviam almoço e janta. Foi um tempo muito duro, por estarmos nós cinco (O casal Eliton e Silvana e os filhos Lael, Felipe e Pedro). Eu via todo mundo mal, sem conseguir fazer nada. A gente sente como somos vulneráveis. Por mais que a gente sempre tenha tomado todas as medidas, pegamos e sempre estamos vulneráveis. Na verdade ainda estamos, porque não sabemos se não vamos pegar novamente”, afirma.
Quem iniciou com os primeiros sintomas foi o filho mais velho, Lael, de 19 anos. “Os sintomas dele apareceram no dia 09 de junho e em nós no dia 11. Ele foi consultar na APS da Unimed e já saímos de lá isolados e atendidos. Para nós a Unimed foi essencial, em todo momento que nós precisamos tivemos o retorno. Eu tive uma crise de labirintite e a Unimed me atendeu de todas as formas. Nós somos beneficiários há quase 20 anos. E não só agora, mas em todas as outras fases sempre fomos muito bem atendidos”, lembra.
Silvana salienta que ter um plano de saúde sempre é uma segurança muito grande, nessa ou em qualquer outra situação. “Nos sentimos muito seguros, porque sabemos que ali vai ter gente que vai nos atender. Quando chamávamos a central via whattsapp, nós éramos prontamente atendidos e quando não chamávamos sempre alguém entrava em contato conosco para saber como nós estávamos, como estavam evoluindo os sintomas. Isso fez uma diferença muito grande saber que se tivéssemos qualquer sintoma, qualquer coisa a mais, eles estariam ali dando todo o apoio. Sempre junto, como se eles estivessem aqui junto conosco”. Eliton complementa que o atendimento da Unimed foi de alto nível, “tanto pelos profissionais envolvidos, como pelos procedimentos adotados e monitoramento constante”.
Ele destaca que durante o tempo em que foram monitorados, mesmo sendo uma doença nova, os profissionais de saúde da Unimed Oeste do Paraná, em nenhum momento, transpareceram insegurança. “Muito pelo contrário, nós sempre nos sentimos bem cuidados, amparados e seguros com o atendimento que recebemos. A gente sempre se balizou pelo que os médicos orientavam, nunca nos automedicamos, confiamos no tratamento”. Silvana completa que a todo momento as pessoas perguntavam o que tínhamos tomado e indicavam medicamentos. “Eu respondia: o médico sabe, apenas obedeça, a gente precisa seguir a orientação médica e nós seguimos todas as orientações, sempre seguros daquilo que eles estavam nos falando”.
Felizmente, hoje, podemos dizer que os profissionais da saúde desenvolveram uma boa expertise no tratamento dos pacientes com Covid-19, o que não quer dizer que devemos descuidar. “Pedimos bastante cautela, que as pessoas realmente evitem aglomerações, evitem se descuidar, porque de certa maneira nós profissionais de saúde estamos cansados. Estamos lutando e muitas vezes nos sentimos sozinhos. Chega uma fase de cansaço mesmo, e você vê as pessoas na rua sem máscara. Chega a parecer até um descaso com os profissionais de saúde, que estão chegando no auge do cansaço, lutando pela população. Então, eu gostaria que as pessoas olhassem para a gente com um olhar de mais compaixão, de empatia e fizessem o máximo para se proteger, porque nós estamos na luta por vocês”, pede a Dra. Caroline.
Ter mais compaixão, empatia, valorizar as relações humanas também são lições que a família de Silvana e Eliton tiraram da pandemia. “O que a pandemia provou é que o mais importante são as pessoas que estão conosco. Além disso, não só durante a quarentena, mas durante todo o ano, nós permanecemos mais tempo juntos, foi uma realidade aqui em casa. Desfrutamos de um nível de nosso relacionamento que nunca tínhamos experimentado antes, por causa da correria. Eu acredito que Deus sempre tem um propósito em tudo o que acontece. Nesse caos nós estamos conseguindo nos conectar com algo novo que ele quer nos falar”, finaliza Eliton.
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