Especial

1982

Presidentes do Brasil e Paraguai acionaram a alavanca abrindo as comportas da Itaipu Binacional

Oito anos depois de sua fundação (17 de maio de 1974), a Itaipu Binacional deu mais um passo importante: foram abertas 14 comportas para controlar a vasão do Rio Paraná, permitindo a navegação e a pesca durante todas as épocas do ano. Confira a reportagem da época

ITAIPU, A PEDRA QUE CANTA A GRANDEZA DESTE PAÍS

Os brasileiros neste dia 05 de novembro, as 11hs foram tomados por uma comoção cívica, quando assistiram ou ouviram o acionamento da alavanca, dando por abertas as 14 comportas que integram a Itaipu Binacional, formando-se assim oficialmente o Lago com 19 trilhões de litro d’água e possibilitando que o Rio Paraná tenha em seu leito, o caudal hídrico natural. A Itaipu, como bem disse o Presidente Figueiredo, foi erguida numa amostra de confiança do Brasil em construção e a força de suas águas gerarão 12.600 milhões de KW, que impulsionará dois países amigos o Brasil e o Paraguai. Em pinceladas rápidas fazemos aqui ponderações sobre a maior Central Hidrelétrica do Mundo, que assim que entrar em funcionamento, corresponderá a 500 barris de petróleos por dia.

Histórico

Tudo começou em 22 de junho de 1966, com a assinatura da Ata de Iguaçu pelos Chanceleres do Brasil e do Paraguai, proclamaram, os governos de ambos os países sua disposição de proceder, de comum acordo ao estudo e levantamento dos recursos hidráulicos pertencentes em condomínio ao Brasil e ao Paraguai, desde inclusive o Salto de Sete Quedas ou Salto de Guaíra até Foz do Iguaçu.

Em seguida ao acordo de 1966, os governos do Brasil e do Paraguai, em 12 de fevereiro de 1967, instituíram a comissão Técnica Brasileiro-Paraguaia para implementação da Ata de Iguaçu ‘na parte relativa ao estudo sobre a aproveitamento dos recursos hídricos do trecho em questão.

No dia 10 de abril de 1970 foi celebrado o convênio de cooperação entre a Comissão Mista, as Centrais Elétricas Brasileiras S.A. ELETROBRÁS, do Brasil, e a Administracion Nacional de Eletricidade – ANDE, do Paraguai, estabelecendo as condições para a realização do estudo da avaliação das possibilidades técnicas e econômicas do projeto.

Em novembro de 1971, a Comissão Mista, a ELETROBRÁS e a ANDE deram execução aos estudos e trabalhos de campo.

Em 26 de abril de 1973, era assinado o tratado regulando a construção e operação da hidrelétrica de Itaipu que compreende o acordo básico de construção e cria a Entidade Binacional Itaipu, em igualdade de direitos e obrigações.

No dia 17 de maio de 1974 os dois governos durante uma reunião solene na fronteira dos dois países, com a presença dos Presidentes Ernesto Geisel (Brasil) e Alfredo Stroessner (Paraguai), constituíram o conselho de Administração e a Diretoria Executiva de Itaipu.

Em outubro de 1975 iniciado os serviços de Engenharia. Aqui cabe ressaltar que 100% da construção civil foi nacional.

O desvio do Rio Paraná aconteceu em 20 de outubro de 1978, o que permitiu levar a efeito, com segurança e oportunidade, o início da construção das partes componentes da barragem e da casa de força, no antigo leito do rio.

As atividades empreendidas nos anos 1979, 1980, 1981 e até setembro de 1982, no seu aspecto abrangente, caracterizaram-se pela concomitância de execução de execução de medidas relacionadas, de um lado, com a construção da central hidrelétrica da Itaipu, e de outro lado, que visam sua operação, a partir de 1983.

Abertura das comportas

Diante de um público aproximado de 5.000 pessoas e mais dois países assistindo ou ouvindo, no lado brasileiros 120 milhões de pessoas, do lado paraguaio três milhões, os Presidentes em ato solene, precisamente as 11hs, debaixo de uma leve garoa acionaram a alavanca, dando assim a abertura oficial das 14 comportas que controlarão a vasão do Rio Paraná e permitirão navegação e pesca durante todas as épocas do ano. Este momento foi da comoção nacional, pois aí estava a simbologia da técnica brasileira e a diplomacia entre dois países, além de no concreto estar incorporado todo trabalhador, indistintamente que ergueu esta obra, considerada a maior do mundo no gênero e que nela foi realizado um recorde mundial de lançamento de concreto, em um mês de rush que foi de 346 m3. Isto daria para construir um Maracanã por semana. Com a culminância desta solenidade, sai de cenário a Engenharia Civil, contudo prosseguem as atividades de montagem da casa da força, das unidades geradoras nº 1, nº 2, nº 14 e nº 15 de forma que a montagem da nº 1 esteja praticamente concluída ao final do exercício de 1982, e na nº 2 no primeiro quadrimestre de 1983.

O vertedouro inaugurado tem capacidade de uma vasão de 60.000m3 por segundo. O transbordamento da Itaipu, só aconteceria se viesse um dilúvio, portanto ninguém precisa temer.

A importância da obra

A Itaipu Binacional que foi construída na doce bacia Tupi-Guarani do Rio Paraná tem um significado importantíssimo, não só porque é um empreendimento Binacional, resultado de negociações bilaterais que remotam a 1966, e que vem sendo construída de maneira harmoniosa, sem maiores problemas, obedecendo a um cronograma, pois todas as etapas até o presente não sofrerão nenhum atraso.

Para o Brasil veio ao encontro da necessidade de atender ao crescimento da demanda, fazendo parte do plano energético nacional. Sabe-se que a região sudeste, mesmo com a produção de Itaipu, prevista para iniciar-se em 1983, poderá enfrentar problemas de escassez de energia. Assim sua importância é evidente. No que se refere ao Paraguai, ela vai contribuir para o desenvolvimento industrial e para a melhoria da qualidade de vida de nossos irmãos paraguaios.

Ao lado da importância energética, também a direção da Itaipu vai orientar a administração quanto ao aproveitamento econômico do lago, como navegação fluvial, pesca, exploração turística e irrigação artificial, para compensar o alagamento de 1.400 quilômetros quadrados (800 km2 no Brasil, e 600 km2 no Paraguai).

Ecologicamente falando

A Itaipu Binacional teve uma preocupação muito grande com a fauna e a flora, tanto é que durante anos equipes foram treinadas para o resgate de animais e seleção de espécies botânicas, tendo sido resgatados mais de 20.000 animais, que serão distribuídos pelos quatro refúgios permanentes e intocáveis, que serão mantidos ao redor do lago. Numa reserva de 500 há. Nas proximidades do lago estarão em estufas 750 espécies botânicas.

Também a Itaipu construiu vários viveiros para reflorestar e ajardinar o lago, formando assim um colar verde.

Para respectivos estudos e coletânea de espécies, especialistas em botânica, arqueologia, história, medicina veterinária trabalharam anos.

Itaipu considerando o maior projeto do Brasil em construção, está dando seus últimos passos para se tornar uma realidade do presente, indo ao encontro da premissa de que os brasileiros precisam do Brasil hoje e não no futuro. É um orgulho para todos que reconhecem este esforço binacional, sabendo-se que 85% dos equipamentos foram fabricados no Brasil e no Paraguai, em termos de construção civil 100%. Portanto, só 15% dos equipamentos foram adquiridos do exterior.

Por ser um momento histórico, não fizemos nenhuma referência ao sepultamento das Sete Quedas, nem aos 40.000 agricultores que tiveram que deixar suas terras, nem as 1.400 km2 de terras férteis inundadas. O progresso forjou este quadro e quem sabe o lago além de ser o maior espelho liquido, será também o espelho da esperança deste país, e do vizinho Paraguai.

NOTÍCIAS DE DESTAQUE DO JORNAL MENSAGEIRO EM 1982

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