Esporte

ESCALADA

Relato de uma aventura fantástica

Medianeirense Rui Junior conta um pouco de como foi escalar o Lanin, vulcão que fica na fronteira da Argentina com o Chile e possui mais de 3.728 m de altitude.

Há alguns meses publicamos uma matéria sobre a preparação do sargento da Força Aérea – Rui Junior, medianeirense que está prestes a escalar o Monte Everest. Desta vez ele subiu ao topo do maior vulcão da região dos lagos, além de outros dois vulcões. A subida ao topo do Lanin teve a parceria de um casal de franceses. Acompanhe um pouco de como foi essa aventura, no relato escrito por ele mesmo.

“Após o médico me dizer que eu não poderia treinar por três meses devido a uma lesão na mão, decidi dar um tempo da escalada esportiva e focar na escalada de alta montanha. Decidi fazer a trilha dos vulcões, na divisa de Argentina e Chile, que inclui o Lanin, Osorno e Villa Rica.

 Em San Martin de Los Andes fui visitar um guia de montanha que conheci em 2012 e me apresentou um casal de franceses que não tinham muita experiência em travessia nevada, mas me pareciam bem fortes. Pediram informalmente se poderiam ir comigo e a priore fiquei desconfortável, pois o clima não estava favorável e a montanha já havia vitimado fatalmente 2 escaladores naquele mês. Não queria ser de certa forma responsável por alguém que não conhecia em uma montanha que nunca escalei, mas aceitei.

 Alçamos o refúgio na quarta-feira dia 09 as 15h com um clima muito ruim, vento muito forte e neve. Fizemos isso, pois a única janela de tempo bom seria na quinta-feira dia 10. O guarda parque nos informou que na quinta-feira ao fim da tarde todos deveriam baixar, independente de alcançar o topo, pois na sexta-feira a previsão estava péssima, com ventos de 40 km/h e muita neve.

 Conversei com os franceses, que realmente me impressionaram, principalmente a Helena que tinha cerca de 1,65 metros de altura e carregava uma mochila gigantesca, literalmente corria montanha acima. Decidimos tentar o cume na quinta-feira e no mesmo dia baixar à base. Isso não é aconselhável, mas o mal tempo nos empurrou.

 Acordamos às 3h da manhã com o céu mais estrelado que já vi, sem vento e frio agradável. Me equipei, tomamos um chá bem quente que guardei na térmica para quando atingisse meu objetivo.

 Começamos a rampa de gelo as 4h da manha e vi o sol nascer, a temperatura melhorou e via a abóboda do cume cada vez mais próxima. As 10h chegamos ao topo, tomei o chá que havia guardado, nos cumprimentamos, tirei fotos e, literalmente, corremos montanha à baixo. Um serac (bloco de gelo de grandes proporções), se formava longe e nitidamente não parecia ser uma formação meteorológica muito boa.

Passei pelo refúgio, me desequipei e acomodei minha mochila. Descansamos 30 minutos e baixamos tranquilos até a entrada do parque pois sabia que não estava mais em perigo.

 Gostaria que cada pessoa que tivesse vontade de fazer esse tipo de atividade o fizesse. A montanha te mostra o valor que pequenas coisas, como um chuveiro, uma cama, a presença dos familiares a amigos, pessoas que te valorizam, são importantes. Foi mais uma experiência que vivi com a escalada que ficará na memória”.

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