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Nosso Povo

Colhendo os frutos

 “Quando recebi a carta por e-mail da Fundação Getúlio Vargas (FGV), li por cima e pensei: ‘apenas uma faculdade privada querendo mais alunos para receber mais mensalidades’. Eu nem me lembrava do quão prestigiada é a FGV. Entrando no site do programa e vendo os benefícios e a qualidade do ensino, voltei para Missal, abandonando o meu trabalho em Medianeira, para poder focar no processo seletivo. Também descobri que esse projeto e os eventos que a faculdade proporciona são exclusivos para convidados, ou seja, não existe inscrição para quem não recebe convite. A carta diz que chamei atenção pelas medalhas na OBMEP, mas não tenho certeza se esse é o único critério ou o critério decisivo para ser chamado. Então, para quem se interessa no programa, aconselho: chame a atenção”, relata Gabrielle Scherer Mascarelo, que foi aprovada no projeto que oferta bolsas (Seleção de Talentos) do Centro para o Desenvolvimento da Matemática e Ciências (CDMC) da FGV, no curso de Ciência de Dados e Inteligência Artificial.

Essa conquista de Gabrielle é fruto de muita dedicação. Ela nasceu em Medianeira em 2006, mas sempre morou em Missal. “Meus pais, Bruna e Sandro, sempre incentivaram a mim e meu irmãozinho Arthur, que veio em 2012. Esse incentivo sempre foi presente na área dos estudos, nunca me esqueço das reuniões que eles marcavam comigo no escritório desde muito pequena, para garantir que eu estudasse, mesmo não entendendo a importância do estudo na época”, relata. A mãe Bruna complementa afirmando que desde cedo Gabrielle sempre se mostrou interessada nos estudos, especialmente em Matemática. “Muito independente, dificilmente aceitava ajuda com as atividades escolares, sempre levou muito a sério tudo que se propunha a fazer. Já na sua primeira participação na OBMEP foi para a segunda fase. E logo os resultados vieram. Foram várias menções honrosas e medalhas de bronze e prata”, comenta. Gabrielle completa que quando descobriu a OBMEP com 10 anos ficou empolgadíssima por receber um papel que a reconhecia, a menção honrosa. “Mais empolgada ainda fiquei ao descobrir um sistema de ter que passar de fase e de ter a chance de conseguir medalhas – sempre fui competitiva. Era mais difícil do que eu pensava, mas minha mãe dizia que o esforço sempre vence e meu pai inventou umas apostinhas: se eu ganhasse menção ele me dava um tantinho, se fosse a de bronze um pouco mais e assim por diante”, recorda a jovem.

Gabrielle sempre estudou em Missal, mas depois da pandemia decidiu se inscrever em um processo de seleção de bolsas no Colégio Bertoni, onde cursou o 2º e o 3º anos. Em 2023, ela começou a trabalhar como professora de matemática, no Kumon. Foi quando recebeu a carta da FGV. “Quando vi rapidamente, achamos que era golpe. Depois, com mais calma lemos novamente. Percebi que eles não pediam nenhum tipo de contrapartida financeira e decidi pesquisar mais um pouco. Encontrei uma reportagem sobre uma menina do Paraná que no ano anterior tinha participado da mesma seleção de talentos e havia passado no processo. Entrei em contato com a mãe dela e tudo era real mesmo. A seleção de talentos, o curso preparatório gratuito, a bolsa integral, a moradia, o auxílio financeiro”, relata a mãe Bruna.

Os pais de Gabrielle nos confidenciaram que num primeiro momento decidiram que ela não iria, pelo fato da FGV ser no Rio de Janeiro. “Com o tempo e diversas conversas com amigos e familiares, nossos corações foram se acalmando e decidimos que, caso ela passasse, iria sim. Eles ofereceram uma oportunidade única e não seria justo tirarmos isso dela. O momento do resultado, ver o nome dela na lista de aprovados e saber o quanto isso significava, foi surreal. Nossa menina tinha conseguido”, fala a mãe, orgulhosa.

Agora Gabrielle está em processo de reuniões, assinatura de documentos, matrícula e compra de passagens. Ela embarca para o Rio de Janeiro na última semana de janeiro. “Somos só orgulho, afinal ela vai estudar numa instituição prestigiada como a FGV, com a mensalidade integralmente paga, ganhando moradia (por dois anos) e um auxílio financeiro mensal substancial (por quatro anos). Nós, como pais, somos capazes de mensurar o valor material dessa conquista e não poderíamos proporcionar condições equivalentes para nossa filha”, salienta Bruna.

A jovem Gabrielle hoje tem a total dimensão de sua conquista e deixa um conselho importante: “retifico aos pais, para que sempre incentivem seus filhos a estudar desde pequenos e que trabalhem com as dificuldades deles, pois eles não entendem para que serve o estudo e na maioria dos casos não acham uma tarefa prazerosa. Chamo também atenção especial das meninas, que encontrarão obstáculos a mais por não serem instigadas aos campos das ciências e que, quando decidirem tomar esse caminho, não são recompensadas ou reconhecidas. Persistam, pois a dedicação sempre vale a pena. Se eu não tivesse pais que me encorajaram e que me ensinaram que eu devia continuar me esforçando, mesmo sem o reconhecimento daqueles que eu tanto queria que me enxergassem, eu estaria a mundos de distância daqui. Finalizo agradecendo ao Centro para o Desenvolvimento da Matemática e Ciências da FGV, que oferta as bolsas do projeto “Seleção de Talentos” e à OBMEP por essas oportunidades ofertadas a tantos jovens brasileiros”, finaliza.

 

 

Nosso Povo

Por: Ana Cláudia Valério

Mestre em Educação, Especialista em Docência no Ensino Superior e graduada em Comunicação Social – Jornalismo. Tem experiência em Jornalismo nas áreas de Televisão, Assessoria de Comunicação e Jornal Impresso, tendo trabalhado em veículos de comunicação, instituições de ensino superior e campanhas políticas. Hoje é editora do Jornal Mensageiro e coordenadora de Gestão e Memória da Casa da Memória Roberto Antonio Marin, de Medianeira.

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