N

Nosso Povo

O rock n’ roll que veio do berço

O dia 13 de julho (sábado) é reconhecido no Brasil como o Dia “Mundial” do Rock, e foi escolhido em homenagem ao Live Aid, megaevento que aconteceu nessa data em 1985; que contou com artistas como Queen, Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood, Elton John, Paul McCartney e muitos outros. A data foi mencionada por duas rádios FM paulistanas, amplamente aceita pelos ouvintes e ficou popular em todo o país – apesar da comemoração ser ignorada no resto do mundo.

E para ilustrar essa data importante, conversamos com Márcio Duarte, que é baterista e fundador da Banda Tumulto. “O rock n’ roll veio quando eu ainda estava no berço, quando meus pais trocavam as cantigas de criança por músicas dos Beatles, Rolling Stones, Creedence Clearwater Revival e outras bandas dos anos de 1960, 1970”, disse o baterista, para gargalhadas gerais. “Brincadeiras à parte, eles gostavam (e ainda curtem) desse rock clássico e foi com eles que tive meu primeiro contato com esse estilo musical”, completou.

Com o tempo, Márcio foi descobrindo outras bandas e acabou entrando no ramo do rock mais pesado. “A minha vida mudou completamente após assistir o Rock in Rio de 1985, quando vi os shows do Ozzy Osbourne, Nina Hagen, AC/DC. Nessa época, eu ainda morava em Garanhuns – Pernambuco, e mesmo com todas as dificuldades de conhecer bandas, esse festival mudou completamente a minha vida. Ao ver essas estrelas, tive vontade de montar uma banda, o que acabei conseguindo em 1989, a Anestesia. Fizemos apenas um show na cidade, que foi o primeiro de rock pesado e, em 1991, mudei para Foz do Iguaçu”, recorda Márcio Duarte.

Morando na fronteira, continuou almejando o sonho de montar uma banda de rock n’ roll. E conseguiu… “Logo que cheguei, soube que alguns caras também queriam montar uma banda, Romildo Pimentel e Nilton Bobato (que tocava na banda Mortal); e fundei o Tumulto. No ano seguinte, já gravamos o primeiro disco ‘Conflitos Sociais’, em conjunto com o Mortal – produzido pelo Redson, da Banda Cólera. E assim comecei a me envolver cada vez mais com esse estilo musical, sendo o único que continua com a banda após 27 anos. Hoje o Tumulto está numa fase muito boa, formada em trio com o meu irmão Germano no vocal e guitarra, mais o Rafael Urnau Feldmann no contrabaixo. E enquanto eu estiver vivo e disposto no palco, teremos muito rock n’ roll pela frente, com músicas novas e diversão aos nossos seguidores”, confirma o baterista.

Neste tempo envolvido com a música, Márcio teve problemas de saúde, o que acabou afastando-o dos palcos por dois anos. “Foi uma época bastante difícil… Porque quando eu soube que estava com câncer em uma das pernas, os médicos deram 10% de chance de recuperação por causa do tratamento, que talvez iria parar de tocar bateria.  No entanto, em nenhum momento eu pensei em parar, sempre acreditava que ficaria bom. Eu nunca pensei em superação, tenho muito medo de pensar nisso e começar a criar problemas na minha cabeça. Pois, com o suporte da família, amigos e passados 10 anos, parece que todos os problemas foram apagados da memória – levando a vida, fazendo shows e adaptando-me com o instrumento”, confirma.

Segundo o fundador da Tumulto, eles já tocaram em 17 Estados pelo Brasil (mais Argentina e Paraguai), tanto no meio underground quanto com grandes nomes do rock nacional e internacional. “Em anos de envolvimento com a música, o que mais me marcou foi quando voltei a tocar com o Tumulto em 2011, após o tratamento contra o câncer. A organização do evento colocou meus pais para apresentar a banda, então foi bem emocionante”, disse Márcio Duarte.

E se não houvesse a música, o que o Márcio faria na vida? “Talvez seria uma pessoa com emprego qualquer, com grande amor pelo rock n’ roll. É um amor que levarei até o final da vida. Na Tumulto é a hora que eu esqueço dos meus problemas, é o meu momento, é uma distração estar atrás de um kit de bateria e tocar as músicas”, finalizou.

Nosso Povo

Por: Tanner Rafael Gromowski

Formado em Letras português/espanhol pela UDC Medianeira, pós graduado em Língua Portuguesa pela FAG Cascavel, trabalha como repórter e redator desde 2013 no jornal Mensageiro.

Comentários