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Café Analítico

Ser inteiro é ser feliz

 

Quando as pessoas chegam muito tristes numa consulta, costumo perguntar quem elas são. Não raro, o silêncio impera no ambiente e um sorriso amarelo estampa o rosto resignado. Quando falamos em tristeza e depressão, há muitas teorias, mas eu gosto muito da simplicidade da que diz: “Entramos em depressão quando nos perdemos de nós mesmos.” Gosto desta explicação porque é de fácil entendimento e, ao mesmo tempo, de uma profundidade absurda. Para saber o que nos entristece, antes, precisamos saber quem somos, do que gostamos e o que nos identifica e define para então entender o que está faltando. É uma tarefa fácil? Não, claro que não é, mas através da terapia podemos dar grandes passadas em direção a nós mesmos.

E aí vem a importância de ser íntegro, não em relação aos outros, mas a integridade de você com você mesmo. E o que é integridade? De acordo com a terapeuta Andresa Molina, integridade é a maneira como eu penso, sinto e venho a agir, este último, sendo fiel ao que eu penso e sinto. Por exemplo, se eu estou triste com uma pessoa, eu demonstro essa tristeza a ela. Isso é agir de maneira integral. Agora se eu estou triste com uma pessoa e chego rindo para ela e a chamando de “querida”, eu não estou sendo íntegra – neste caso, íntegra comigo mesma. Posso ser uma pessoa boa para os outros, mas não estou agindo de maneira integral comigo mesma.

No dia a dia, o que vemos é a falta desta integridade. A gente pensa uma coisa, sente outra e age de maneira totalmente contrária ao que sentimos e pensamos. E isto entristece, deprime. Nos perdemos de nós mesmos. Outro exemplo comum é estar o tempo todo reclamando de um trabalho, mas nunca sair dele. Pois uma coisa é não gostar deste emprego, mas estar buscando maneiras de mudar, de encontrar outro trabalho que satisfaça. Outra coisa é passar a vida reclamando sem buscar o que se gosta de fazer, realmente, o que lhe identifica. Ser íntegro consigo mesmo. Mas aí pensamos:” Tá, agora vou largar o serviço e vou sair falando tudo pra todo mundo?!”

Não é algo radical, mas gradativo e leve. Podemos ir buscando caminhos para chegar a um trabalho que nos satisfaça e podemos sim, dizer quando estamos tristes com alguém ou temos algo a falar e que pensamos ser importante. Aos poucos, vamos nos tornando íntegros com nós mesmos e isso nos transforma, nos deixa mais felizes e satisfeitos.

“Para ser grande, sê inteiro:

Nada teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és no mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda brilha.

Porque alta vive.” Fernando Pessoa

Café Analítico

Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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