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Nosso Povo

Cleci Luft

Família unida pela música

A musicista medianeirense Cleci Luft foi a entrevistada da Coluna Nosso Povo desta semana.

“Desde a infância estou envolvida com a música. Eu acompanhava meu pai Ignácio Silvério Luft nos ensaios dos corais em Missal na década de 1970. Via como ele conduzia tudo, pela organização das vozes, como cantavam e, a partir de então, peguei o gosto pela música. Fui crescendo nesse meio e, ainda na adolescência, passei a cantar com os adultos”, relembrou a musicista medianeirense Cleci Luft, entrevistada da Coluna Nosso Povo desta semana.

“É através da música que transformamos vidas, é no palco que percebemos o esforço sendo transformado em arte”, afirma a regente Cleci Luft

A paixão pela música, principalmente pelo canto-coral, foi aflorando cada vez mais. Por aprender constantemente como realizar esse trabalho, ela começou a trabalhar com regência de coros, técnica vocal e aplicou seu conhecimento nos corais de seu pai em Medianeira. Com o conhecimento adquirido, também montou corais em Missal, Serranópolis do Iguaçu e, em 2001, foi embora para Porto Alegre fazer faculdade de música. “Quando saí, não havia faculdade na região (hoje tem a Unila em Foz do Iguaçu e Licenciatura em Música em Cascavel). Larguei os corais que eu trabalhava. Fui atrás do meu sonho de ser musicista, com especialização em regência e técnica vocal, e voltei à minha cidade em 2013. Hoje, atuo em Medianeira no Coral S.O.S. Vida, Grupo de Canto Allegria; atuei alguns anos em Maralúcia como uma das organizadoras do Auto de Natal na Escola Municipal São Luiz e no Colégio Estadual do Campo Maralúcia com música e teatro. Também em Missal como contratada pela secretaria de Assistência Social, onde trabalho com o Coral da Terceira Idade e o Coral Infanto-Juvenil. Além desses, trabalho com Coral de funcionários da Unidade Industrial de Aves da Lar Cooperativa de Matelândia e Grupo Vocal do Colégio Mondrone de Medianeira, formado por estudantes. Esses são os trabalhos que desenvolvo atualmente”, pontuou a regente.

Questionada sobre sua maior realização pessoal, a musicista enfatizou: “Cada um deles tem seu método de trabalho, suas facilidades ou dificuldades. Porém, minha maior realização foi conseguir trabalhar com os idosos. Sabemos que nossa capacidade aprender, com o passar dos anos, vai reduzindo; dificultando a execução das atividades – e a terceira idade na música não está longe dessa situação. E a cada ensaio é uma superação. Porque às vezes chego ao ensaio com uma música brasileira, inglesa ou alemã, preciso ensiná-los outros idiomas e fico na dúvida ‘Será que eles vão aprender inglês? Conseguem sim, são esforçados’. E quando eles executam toda a música em outro idioma, encaixados os quatro tons de vozes, eles se sentem tão gratificados que não há dinheiro que pague a emoção das pessoas”, disse Cleci.

Além disso, outra dificuldade apontada pela regente é na questão cultural. “Na nossa região, não existe o hábito de apreciar o canto coral. Não é algo que nascemos sabendo, aprendemos no decorrer da vida. E se você não convive, nunca presencia, é óbvio que não gostará. Sinto muita falta de trazer mais concertos com música boa. Além de tudo, há certo preconceito, pois muitos acreditam que é ‘coisa de velho, de criança ou de igreja’ – essa é a mentalidade dessas pessoas. Porém, a partir do momento que presencia que corais e cantos têm espaço para todos com perfis diferenciados, a pessoa pega o gosto pela música”, complementou.

Cleci também aproveitou para explanar que há diferenças entre grupo de Coral e de Cantos. “Grupo de Cantos canta em uníssono, nas igrejas, com acompanhamento de instrumentos musicais. O Coral é diferente porque é dividido em vozes, podendo ser cantado à capela (sem acompanhamento de instrumentos) ou com instrumentos musicais”, disse.

E para aqueles que ainda acreditam que corais ou grupos vocais são voltados a estilos musicais restritos, Cleci Luft explana. “Desenvolvo músicas envolvendo diversos estilos musicais, desde a gauchesca, passando pela MPB, rock internacional e até as mais clássicas – de acordo com o perfil do grupo. É claro que como profissional também devo apresentar as músicas que gosto, porém, não adianta impor um repertório aos participantes, sei que não gostarão e acabarei com as atividades do coral. Devemos ter essa sensibilidade de perceber o perfil do grupo, conhecer, fazer pesquisa e depois levar o repertório para cantarem. É através da música que transformamos vidas, é no palco que percebemos o esforço sendo transformado em arte – tudo graças aos acompanhamentos e ensinamentos do meu pai”, finalizou.

Nosso Povo

Por: Tanner Rafael Gromowski

Formado em Letras português/espanhol pela UDC Medianeira, pós graduado em Língua Portuguesa pela FAG Cascavel, trabalha como repórter e redator desde 2013 no jornal Mensageiro.

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