ONCOMEDI
O Agro no combate ao câncer
O médico oncologista Dr. Fernando Motter participou do I Simpósio Internacional do Agro no Combate ao Câncer, e debateu o risco de exposição a agrotóxicos para a formação de cânceres
Texto por Assessoria . Fotos por Divulgação . 9 de novembro de 2023 . 10:41
O Agronegócio é o setor responsável por prover alimentos para o dia-a-dia de todos nós, é a força motriz para todas as cadeias econômicas brasileiras. Agrotóxicos são substâncias químicas que têm o objetivo de prevenir, destruir ou controlar pragas e, consequentemente, aprimorar a produção de alimentos. Todos nós estamos expostos a agrotóxicos, estejamos em qualquer posição da cadeia de produção, transporte ou consumo dos alimentos. O uso indiscriminado de pesticidas gera aumento no risco de intoxicação por agrotóxico. Este problema, a longo prazo, pode causar uma série de doenças, entre elas, o câncer.
No último dia 18 de outubro, Dia do Médico, e apenas três dias após o Dia da Mulher Agricultora no Paraná, o Recanto das Cataratas, em Foz do Iguaçu, foi palco do I Simpósio Internacional do Agro no Combate ao Câncer, um evento dedicado à prevenção e cuidados da saúde oncológica de milhares de pessoas.
A iniciativa busca atingir todos os setores do segmento no país, tanto na área de produção de matéria-prima, quanto na agroindústria, para combater uma doença que só no Brasil afeta mais de meio milhão de pessoas, todos os anos.
O evento marcou o “Outubro Rosa” do segmento do Agronegócio, e explorou as abordagens mais inovadoras na oncologia, como novos recursos diagnósticos, tratamentos, medicamentos, estudos genéticos, os direitos dos pacientes e, por fim, a discussão de estratégias de prevenção do câncer ligadas aos setores de agricultura e pecuária.
O Simpósio recebeu representantes de várias regiões brasileiras, bem como de países vizinhos, como Paraguai e Argentina, reunindo gestores públicos e privados, representantes de ONGs, empresários, associações, agroindústrias, cooperativas e ofereceu mais de 13 horas de palestras e painéis, apresentando percepções relevantes dos principais especialistas em oncologia, em networking com profissionais ligados ao setor de agropecuária.
Autoridades no setor de oncologia, como Dra. Nice Hitomi Yamaguchi (Cancerologista do Hospital Israelita Albert Einstein), Dr. Ricardo Caponero (Cancerologista do Hospital Oswaldo Cruz) e Dr. Riad Younes (Inglaterra) se fizeram presentes neste encontro.
O cancerologista Dr. Fernando Motter, da OncoMedi, foi convidado a representar a Oncologia Regional no evento, e debateu o tema do risco de exposição a agrotóxicos com a formação de cânceres.
O painel de discussão envolveu também autoridades do setor de agronomia, e seu objetivo foi avaliar os riscos da exposição aos venenos mais amplamente utilizados na agricultura, apontar o possível potencial “carcinógeno” (capacidade de causar o surgimento de células cancerígenas) de tais substâncias e levantar as possíveis estratégias para que os riscos sejam minorados.
Em sua fala, o Dr. Motter expôs estudos brasileiros, canadenses, estadunidenses e asiáticos, cujos levantamentos assinalaram alguns agrotóxicos como os mais numericamente relacionados à gênese de cânceres, com destaque para as substâncias clorpirifós e dieldrina.
Demonstrou que, segundo os dados disponíveis, as neoplasias malignas mais frequentemente relacionadas a exposição a pesticidas são os cânceres de próstata, mama, cérebro, pulmão, rins, bexiga, estômago, ovário, pâncreas e cânceres hematológicos.
Relatou ainda que a intensidade de exposição dos trabalhadores envolvidos diretamente com emprego de pesticidas e, principalmente, o não-emprego de dosimetrias e técnicas seguras de aplicação estão claramente implicados numa maior taxa de incidência de doenças malignas nestes trabalhadores, daí a enorme importância de que as aplicações sejam tecnicamente dirigidas, agendadas e prescritas por profissional engenheiro agrônomo e que as regras e equipamentos de segurança sejam rigorosamente respeitadas e utilizados. “Ainda não está totalmente elucidado o mecanismo que liga o agrotóxico à formação do câncer, mas o mais provável é que ele promova uma mutação no DNA da célula saudável, iniciando o tumor. Além disso, também podemos citar os pesticidas como promotores tumorais, ou seja, eles auxiliam o crescimento do tumor por meio do aumento na produção de “espécies reativas de oxigênio” (EROs), aumentando a inflamação e a proliferação celular, que podem culminar na progressão tumoral”, diz Motter.
Dr. Fernando ressaltou também os riscos do agricultor com a exposição da pele ao Sol, e lembrou sobre medidas de proteção.
O cancerologista exaltou o setor do Agronegócio como a maior fonte não-governamental de verbas para centros de tratamento do câncer, e ressaltou que há uma grande mobilização e engajamento do segmento em fomentar as medidas preventivas contra a doença. “Temos de incentivar e também cobrar o setor do Agro com seu compromisso em promover ações de responsabilidade social e protetiva contra doenças. A disseminação de informação qualificada é o primeiro passo, trazendo conhecimento ao agricultor e à população, o que começa em simpósios como esse e se solidifica em cursos de capacitação continuada aos trabalhadores do campo. O segundo passo é dirimir os processos onde o impacto na saúde é maior (escolher pesticidas menos implicados com mutações que possam levar ao câncer, por exemplo, e aplicá-los com excelência). O enfoque na saúde é um diferencial competitivo no mercado e promove um ambiente sustentável e seguro. Esse olhar deve chegar tanto ao macro quando ao microprodutor, dentro de um conjunto que abrange todas as esferas da agroindústria, dos trabalhadores e de seus familiares”, complementa.
Fernando Motter é oncologista especializado em quimioterapia e imunoterapia, e rotineiramente produz conteúdo de divulgação para contribuir com a difusão de educação em saúde e prevenção.
A OncoClínica Medianeira (OncoMedi), instalada na região central de Medianeira, anexa ao Hospital Maternidade, oferece há mais de 4 anos serviços especializados na área de cirurgia oncológica, doenças malignas da pele, hematologia, quimioterapia e imunoterapia.





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