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psicologia

Beleza, identidade e mercado

Vamos começar com um dado interessante: Segundo o provedor de pesquisa Euromonitor International, o Brasil é o quarto maior mercado de beleza e cuidados pessoais do mundo, estando atrás apenas dos EUA, China e Japão.

Que os brasileiros são vaidosos, isso não temos dúvidas e, até certo ponto, é um hábito saudável. Porém, o que temos visto com frequência é um adoecimento psíquico devido à pressão social sofrida e à cobrança pessoal imposta. A indústria da beleza quer lucrar e, para tanto, estabelece padrões cada vez mais inalcançáveis. Aí vem a pressão social em seguir o que está na moda, mesmo que muitas das vezes, não nos identificamos com a padronização.

Um exemplo interessante para visualizar esse cenário foi a moda em pôr silicone. E tornou-se uma febre… mulheres chegavam a fazer financiamento para aumentar as mamas. De repente, a moda inverte e tornam-se bonitos os seios naturais… vem a moda do explante. E lá se vão milhares de mulheres fazer a cirurgia para retirada do silicone. Esse exemplo retrata como pode ser doentio seguir um padrão sem questionar, às cegas.

Não há problema algum em fazer procedimentos estéticos, nem tampouco querer estar mais bonito. Não é esta a questão. O problema está em realizar estes procedimentos não como um querer ou uma necessidade pessoal, mas apenas para sentir-se aceito. Vemos muitos casos de pessoa que modificam o rosto ou o corpo e arrependem-se, não se veem mais, não se identificam com a imagem no espelho, perdem a identidade e adoecem. Outras entram numa neurose em nunca estar satisfeitas e ficarem correndo em busca de uma “perfeição” mítica. Há nestes casos um adoecimento psíquico.

Então, antes de seguir qualquer padrão de beleza ou modismo efêmero, buscar olhar para si mesmo, sentir se é isso mesmo que se quer ou se está apenas num momento de euforia.  Entender que cada um tem sua beleza e que a padronização pode nos descaracterizar. Há uma linha muito tênue que separa os cuidados saudáveis em relação a si mesmo de transtornos relacionados à vaidade. “Quando todo o mundo é corcunda, o belo porte torna-se a monstruosidade”. Honoré de Balzac

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Por: Camyle Hart

Graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Estadual de Ponta Grossa em 1999, atuando por 15 anos na área, em diversos veículos de comunicação do Paraná. Pós-graduada em Comunicação e Mercado na Era Digital.

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