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Bullying: humilhação que dói

Muitas vezes, podemos ser cruéis e as feridas mais doloridas são aquelas que não podem ser vistas.

Pergunto para o pessoal da minha geração, que viveu a adolescência na década de 80 ou 90: Quem nunca sofreu algum tipo de bullying?

E tenho como resposta: “Ah! Todo mundo sofreu bullying e estamos todos aqui, vivos e fortes! Estas novas gerações são muito cheias de mimimi.”

Mas, será mesmo? Vamos pensar um pouco mais sobre isso?

Por mais que alguém diga que sofreu bullying e que superou, que seguiu a vida, todos, sem exceção, quando perguntados que tipo de humilhação ou apelidos recebeu, lembra na mesma hora. E não só lembra o tipo de humilhação, como é capaz de descrever a cena, com quem estava, quais as pessoas envolvidas e o que sentiu. Quer dizer, esta humilhação não passou despercebida e quem sofreu o bullying carrega a pesada carga nas costas ao longo da vida.

Recentemente, a Universidade de Amsterdã fez uma pesquisa, onde foram examinados os cérebros de pessoas enquanto experimentavam diversas emoções e a conclusão foi que nenhuma sensação foi tão intensa quanto da humilhação, ultrapassando os sentimentos de alegria e raiva. E mais, a humilhação ativou partes do cérebro relacionadas à dor. Portanto, a crueldade do bullying vai além da dor emocional, mas se reflete no físico e é levada por toda a vida da vítima, que possivelmente será um adulto inseguro ou que, no outro extremo, tenderá a ser reativa e violenta.

Entender o mal que o escárnio pode fazer na vida de uma pessoa pode ser o caminho para que ele não aconteça. Desde cedo, explicar para a criança e para o jovem que todas as pessoas são diferentes, que cada uma tem suas peculiaridades e até mesmo suas estranhezas… e quem não as tem? Como diria o Caetano Veloso, de perto ninguém é normal. Todos nós somos diferentes, embora vivemos em grupos, cada pessoa é seu próprio universo e deve ser respeitada por conta disso.

As diferenças é que nos tornam únicos e enriquecem a vida. Conviver com diferentes etnias, religiões, opiniões, cor de pele, tipos de cabelo e corpo é um grande aprendizado, o de que mesmo com tantas diferenças, somos todos seres que seguem o mesmo caminho, o da evolução da consciência.

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Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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