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Café Analítico

DSTs: Epidemia silenciosa

Minha geração, que viveu a adolescência nas décadas de 80 e 90, cresceu sob a sombra aterrorizante da Aids. Na época, vimos muitos dos nossos ídolos morrerem por conta do HIV: Cazuza, Fred Mercury, Renato Russo, entre tantos outros. Tínhamos medo.

Também, na época, víamos campanhas na televisão e em todos os meios de comunicação alertando sobre a importância do sexo seguro e os perigos em se contrair as temidas DSTs (Doenças Sexulamente Transmissíveis). Todas estas campanhas ressoavam em nossa mente todos os dias e isto, de alguma maneira, ajudou na conscientização sobre o tema.

Passada a euforia e ápice do HIV, muito provável por conta do surgimento do coquetel que trouxe aos portadores da doença a possibilidade de uma vida normal, o assunto foi aos poucos perdendo força e não foi mais foco nos meios de comunicação. Então, as gerações que vieram depois, mesmo tendo acesso a um número sem fim de informações, cresceu sem ter muita ideia dos perigos das DSTs. E aí vem a consequência. O que vemos hoje é uma verdadeira epidemia silenciosa destas doenças.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), são registrados um milhão de novos casos de DSTs por dia ao redor do mundo. Hoje, doenças como sífilis, clamídia, gonorréia e tricomoníase têm retornado. Apesar de curáveis, são facilmente dissiminadas porque não apresentam sintomas iniciais e por conta disso, são de difícil diagnóstico.

Por ano, estas quatro doenças são responsáveis por 376 milhões de novas infecções em pessoas entre 15 e 49 anos e, se não tratadas, elas podem levar a doenças neurológicas, cardiovasculares, infertilidade e aumentar o risco de infecção por HIV.

O Brasil, embora seja um exemplo mundial no programa de DST/Aids, também sofre  com esta epidemia. É uma questão educativa, temos de falar mais sobre as infecções sexualmente transmissíveis e suas complicações. É preciso parar de esconder a sujeira embaixo do tapete e falar sobre o assunto com nossos jovens. Ao não falarmos no assunto, acabamos falhando na prevenção.

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Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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