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Café Analítico

Estresse das cavernas

Há milhares de anos, quando nossos ancestrais ainda viviam em cavernas, o estresse já era vivenciado diariamente. Não era esse tipo de estresse que temos hoje com o trabalho, o trânsito, as preocupações com dinheiro, a falta de tempo e as diversas tarefas que temos que dar conta todos os dias. Os motivos de estresse eram outros, mas as reações químicas e emocionais que geravam eram as mesmas dos dias de hoje.

Podemos dizer que, possivelmente, o mesmo estresse que os homens das cavernas sentiam ao ter a caverna invadida por um tigre, por exemplo, é similar ao estresse vivenciado por uma família ao ter a casa dominada por bandidos numa situação de assalto. A ansiedade humana sempre esteve presente fisiologicamente em toda história de nossa civilização e sempre carregou consigo o sentimento do medo.

De acordo com Bruce McEwen, neurocientista, autor do livro ‘O fim do estresse como nós o conhecemos’, o estresse é fundamental para a nossa sobrevivência. Quando nos vemos em situações de ameaça e perigo, o cérebro nos prepara para reagir. Ficamos prontos para tomar decisões com mais rapidez, guardar informações que podem ser decisivas e encarar desafios e perigos. Ou seja, pessoas estressadas potencializam sua capacidade de superar um problema, na visão do professor. Porém, se nos estressamos demais, nosso cérebro falha, podemos ter a memória e a saúde ameaçadas.

Hoje, o trabalho significa a nossa sobrevivência social e econômica, como uma boa caça, no caso dos nossos ancestrais, significava a sobrevivência do grupo. Assim, na parte orgânica, o que acontece com o corpo do homem de hoje, não é diferente ao que acontecia com o homem das cavernas. Há a mesma liberação de hormônios no momento do medo e, consequentemente, da situação estressante.

O fato de uma situação ser estressante não depende apenas da sua natureza ameaçadora, mas também do significado deste evento para a pessoa. Alguém pode ficar muito nervoso e em situação de estresse durante uma entrevista de emprego, por exemplo, enquanto outra pessoa fica tranquila num mesmo tipo de entrevista, porém entra em pânico ao pegar um trânsito mais engarrafado.

Ao que se deve ficar atento é à ansiedade patológica, aquela que pode trazer danos à saúde mental e física, como por exemplo, palpitações, sudorese, tremores, sensações de falta de ar, náusea, desconforto abdominal, sensação de tontura, medo de perder o controle, formigamento, calafrios ou ondas de calor.

Nestes casos as pessoas devem buscar tratamento adequado, afinal, se a mente fica em estado de estresse o tempo todo, o corpo não tem uma trégua, entende que está sempre em situação de perigo. A liberação dos hormônios fica desequilibrada e os sintomas só aumentam. A qualidade e expectativa de vida, então, diminuem.

Hoje, diferente dos nossos ancestrais, temos os recursos disponíveis para melhorar nossa saúde física e mental, basta sair da caverna!

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Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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