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Café Analítico

Coluna

Sobre a dor

Todos nós sentimos dor. Desde o nascimento até o momento da morte ela nos acompanha, passo a passo, como uma amiga inseparável. Quando jovens, a negamos e, quando ela é insistente e ganha força nos rebelamos contra ela. Em vão. Já adultos nos acostumamos, pois ela está sempre ali, bem perto. Mas o medo de sentir dor nos trás mais dor.

A dor faz parte da vida dos seres vivos (talvez o termo mais correto seria ‘seres conscienciais’, pois o termo abrange mais realidades existentes) e não importa como nos adequamos ou não a ela, a dor permanece.

Há a dor física, a dor emocional, a dor imaginária, a dor de amor, a dor-de-cotovelo, a dor da perda, a dor do parto, a dor pela dor, apenas. E cada tipo de dor nos aterroriza. É a vilã implacável e o preço a pagar pela existência.

Mas a dor, ao contrário de todas as projeções a seu respeito, também é positiva. Ela nos alerta sobre o que não está bem em nossas vidas. A amiga inseparável é boa em nos alertar. Quando nos cortamos, por exemplo, o sentido de dor é o alerta para que seja preciso estancar o sangue, caso contrário, sangraríamos até a morte. Quando, sem querer, colocamos a mão no fogo, a dor nos incita a tirar a mão do calor, caso contrário, a perderíamos. Quando comemos algo que não faz bem ao nosso organismo, a dor de barriga coloca esse mal para fora. A dor emocional nos alerta a trilhar novos caminhos e assim por diante. Assim, a dor que antes nos aterrorizava, passa a ser realmente uma boa e fiel amiga.

Somos seres em construção, inacabados. E talvez seja esse o motivo de sentirmos dor. Pode ser que quando chegarmos à perfeição total, já não haja espaço para ela. Mas isso ainda é uma realidade distante, frente a tantas imperfeições. Já que não há como desprezá-la, vamos aprender com a sábia professora. Segundo Voltaire, ‘a dor é tão necessária quanto a morte’.

Café Analítico

Por: Camyle Hart

Jornalista e Psicóloga (Crp 08/22594)
Atendimento terapêutico (45) 99932-0666

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