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Manda quem pode. Obedece quem tem juízo

Outra vez foi levantada a polêmica sobre o comando dado pela retaguarda para que um piloto deixasse o outro passar e assim somar mais pontos na classificação do campeonato.

Claro que a bola da vez é a Mercedes, e são poucas vezes que seus carros são batidos, ou seja, uma outra equipe pode superá-los na pista. O domínio é grande e a diferença de tempos chega, por vezes, ser absurda.

No final de semana que passou, foi a vez de Valtteri Bottas aceitar a ordem vinda dos boxes, deixar Hamilton passar e ainda servir de escudeiro caso a Ferrari de Vettel viesse a representar algum perigo.

E a ordem não foi bem digerida pelo piloto da Mercedes. Num primeiro momento, o piloto finlandês tentou retrucar a ordem, porém ele sabe, e todos os outros também sabem, que por questões contratuais, a ordem de chegada é por hierarquia, e deve ser respeitada. Ou seja, quem é forte candidato ao título individual deve ser ajudado e os meios utilizados nem sempre são os mais corretos.

Vale lembrar o “sofrimento” de Rubens Barrichello quando estava na Ferrari que dominava a categoria com Michael Schumacher. Rubinho teve que se contentar em ser o segundo, sempre. Não tinha essa de estar melhor na corrida. Se o alemão estivesse em segundo, lá ia Barrichello tirar o pé e deixar Schumi passar.

Quantas e quantas vezes nos irritamos nas manhãs de domingo vendo isso acontecer. Lembram daquele narrador, na volta final, Barrichello liderava com Schumacher em segundo e todo empolgado o narrador gritava: “hoje não… hoje não… até que, mudou para o hoje sim”, querendo dizer que naquele dia, não haveria ultrapassagem para favorecer o companheiro. Porém, há poucos metros da volta final, a ordem foi cumprida, Barrichello tirou o pé do acelerador e teve que ceder o lugar para Schumacher, que assim venceu a corrida. É jogo de bastidor. Pode não ser considerado ilegal. Mas para o esporte, fica a mancha de que quem venceu não fez por merecer. Mas numa competição onde os valores são contados em dólares ou euros, não se vê outra alternativa. Uma pena. Manda quem pode. Obedece quem tem juízo.

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Por: João Hermes

Radialista e cronista esportivo do Jornal Mensageiro desde 1985.

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