“DESCANSE EM PAZ”
Por Aladir Carlos da Silva . 25 de março de 2024 . 09:47
Por: Aladir Carlos da Silva,
Ator, Diretor, dramaturgo, produtor teatral e cronista.
Era próximo das dezenove horas, seis minutos e dezesseis segundos do dia treze de março de dois mil e vinte e quatro, na rua sem saída, bairro Itaipu, Medianeira, Paraná, Brasil que: Dona Maria, quase aos prantos, bradava aos quatro ventos em alto e bom som, pra quem quisesse ouvir:
_Mataram o Rico! – Assim era conhecido Frederico.
_Coitadinho! Nunca fez mal pra ninguém, tudo bem que ele falava demais, mas isso não justifica terem matado o pobrezinho, não é verdade?
Não era apenas dona Maria – muito conhecida no bairro por fornecer informações da vida alheia, também chamada de velhota fofoqueira – que estava surpresa e indignada com a morte de Rico, como era chamado por toda a redondeza, os vizinhos, amigos e até pessoas de outras cercanias enviaram suas condolências para o seu Astolfo Amoroso, com quem Frederico vivia há mais de 35 anos, dez meses, vinte e dois dias, mais ou menos, para aqueles que não tiveram conhecimento do ocorrido passo a descrever o fatídico fim de Frederico ou Rico, tanto faz.
Eram aproximadamente dezoito horas, vinte e três minutos e onze segundos, do mesmo dia citado no primeiro parágrafo – resumindo, ontem – quando seu Astolfo Amoroso chega em casa, voltando de mais um dia de trabalho como alfaiate, entrando em sua casa de dois pisos percebeu que havia algo de estranho, um silêncio nada comum tomava conta do ambiente, chamou por seu companheiro, mas não obteve resposta, caminhou até a sala e encontrou uma cena difícil de descrever – mas dona Maria deu todos os detalhes – deitado dentro de uma poça de sangue com os olhos esbugalhados, com um ferimento na cabeça e uma expressão de dor, jazia Rico, segundo dona Maria – a velhota fofoqueira – ele entrara em óbito há mais ou menos quatro horas, quinze minutos e nove segundos. Na cena foi encontrado um projétil que atingira a cabeça da vítima, matando-o quase que instantaneamente – verdade ele agonizou bastante. Através desta pista foi possível identificar o tipo de arma utilizado no crime, o que por sua vez levou a identificação do provável autor do disparo que vitimou Rico, pois a única pessoa conhecida, que possui uma arma desse modelo, é João Pedro Cardoso de Oliveira Neto, que encontra-se foragido, o meliante também atende pela alcunha de Joãozinho foguete, que por volta das catorze horas, oito minutos e dois segundos atirava pedras com seu estilingue e uma delas atravessou a janela da casa de seu Astolfo Amoroso, atingindo em cheio a cabeça do seu – agora falecido – papagaio de estimação.
A mãe de Joãozinho foguete promete uma punição para o mesmo, porém levando em conta que o homicídio foi culposo, sem a intenção de matar, ele deve ficar de castigo sem acesso ao seu estilingue por pelo menos um mês e só sairá para brincar após terminar as tarefas escolares. Qualquer informação sobre o paradeiro do criminoso pode ser enviada para a redação deste jornal. Fica aqui nossas condolências ao senhor Astolfo Amoroso por sua perda.
Qualquer semelhança com fatos reais, NÃO SERÁ MERA COINCIDÊNCIA
“Que Deus pai todo poderoso olhe por cada um de nós, nos abençoe, nos guie e nos guarde, em nome de Jesus Cristo, Amém!?”
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