Especial

1996

Emerson Perin representa Medianeira nas Olimpíadas de Atlanta

Na edição de 27 de junho de 1996, o Jornal Mensageiro anunciava a participação do atleta medianeirense Emerson Perin nas Olimpíadas de Atlanta (EUA), competindo pelo Brasil nos 110 metros com barreira. Na edição de 08 de agosto do mesmo ano, uma entrevista especial no retorno do esportista a Medianeira. Confira a reportagem da época

UM MEDIANEIRENSE COMPETINDO EM ATLANTA

  Emerson Perin, 21, medianeirense, participou pela equipe brasileira da prova dos 110 metros com barreiras na Olimpíada de Atlanta, conseguindo o tempo de 13,76 segundos. Pessoa simples, simpática, cursa atualmente o 1º ano da faculdade de educação física em Tupã-SP e é atleta da Funilense de Presidente Prudente-SP, sendo patrocinado pela Reebok. Em seu retorno a Medianeira na quinta-feira, 01, recebeu várias homenagens, mais do que justas.

Conheça um pouco mais deste primeiro medianeirense a competir em uma Olimpíada.

Jornal Mensageiro – Quem é o Emerson Perin hoje?

Emerson – Continua o mesmo, não mudou, exceto o que aconteceu, ir à Olimpíada. É aquele cara camarada, amigo de todo mundo, não mudou a personalidade, o jeito de ser.

J.M. – Como foi tua trajetória até a Olimpíada?

Emerson – Pois é, eu estava até comentando com o Ademir (Lajes Patagônia) e o meu pai que até parece brincadeira, um sonho de criança. Eu levei para esse lado. Lógico que todo mundo que começa num esporte pensa um monte de coisas, subir na vida. Sonhei, sonhei muito em ir à Olimpíada, sabe aquele sonho que você tem, mas é muito difícil de ser conquistado? É essa a sensação que eu tinha. Agora me pego pensando no passado e onde estou… como é a vida, como pode ser e como é a vida, como pode ser e como é valorizado o que foi feito e o que se deixou de fazer para se dedicar ao que você queria ser.

J.M. – Realizado?

Emerson – Não. Não me realizei ainda, pois penso e quero muito mais.

J.M. – Mas precisa muito esforço.

Emerson – Olha, uma coisa que eu garanto para vocês é que além de esforço a sua vida é diferente, você perde a privacidade até mesmo sair com os amigos e festar, cair na noite, fazer as “bagunças”, normais de um adolescente, de um jovem normal. Isso e muitas outras coisas não pode, tive que cortar, controlar tudo isso e é ruim você cortar o que gosta de fazer. Carnaval para ter uma ideia, fazem quatro anos que não pulo, passo treinando, no final do ano também. É sofrido, tem que se dedicar muito, mas cada um tem seus espinhos.

J.M. – E aquela história de que teu pai mandou você fazer alguma coisa, praticar um esporte para largar o vídeo game.

Emerson – É, eu acho que ele estava enjoado de me ver colado naquela TV (risos), sem fazer nada. Bom, sem fazer nada não né, eu era criança pó, vidrado em vídeo game, TV. Eu adoro televisão, é um dos meus programas favoritos. Então, eu chegava da aula e a primeira coisa que fazia: televisão ou vídeo game do lado. Aí meus pais: “Pô, vai fazer alguma coisa, ficar nessa vida não vai dar certo”.

J.M. – E você foi para o esporte.

Emerson – Comecei jogando vôlei, handebol, um monte de coisas. Aí em 1989 teve o campeonato intercolegial onde tinha atletismo e eu me inscrevi em algumas modalidades. Aí surgiu a oportunidade. Vieram me convidar, eu meio assim né, e o meu pai e minha mãe, “vai fazer alguma coisa, vai lá, é bom para você, pelo menos não fica aqui o dia inteiro”. Eles me incentivaram muito, pois o começo é muito difícil, então, tive um certo “paitrocínio” e “parentrocínio”. É meio difícil, mas é verdade.

J.M. – Esse apoio foi decisivo.

Emerson – Foi. A família em si meus pais, me deram muito valor, me entenderam, foi demais. Foram me “empurrando” cada vez mais para dentro do atletismo. Medianeira também sempre me trazia, me trazia não, continua trazendo, o maior carinho, pois cada coisa que aconteceu na chegada e depois, estou surpreso com tudo isso.

J.M. E foi diferente…

Emerson – É. Cheguei no aeroporto em Foz e tal…, tem um secretário lá. Chego aqui, me disseram para falar com o prefeito. Tudo bem, só que não me avisaram que antes tinha o desfile com o caminhão dos bombeiros. Me surpreendeu muito, muito, muito.

J.M. – Qual a emoção em participar da Olimpíada?

Emerson – É incontrolável, cheguei a perder quatro quilos, fiquei naquela ansiedade, expectativa, até com medo, pois o estádio estava lotado e todos torcendo, gritando para o pessoal da casa, mas sem dúvida foi bom, uma grande experiência para mim.

J.M. – E a prova?

Emerson – Fiquei em 4º no meu round. Foi uma prova muito nervosa tanto é que a largada foi queimada três vezes e no meu caso, acabei perdendo um pouco a concentração. Acredito que se não tivesse sido queimada a primeira largada eu teria corrido melhor e passado para o 2º round. Tive também o azar de pegar uma série muito forte, pois melhorei minha marca pessoal que havia feito no Troféu Brasil, onde consegui o índice para as Olimpíadas.

J.M. – Até pela tua idade, pois os melhores têm mais de 25 anos.

Emerson – É, dos finalistas um tinha 24 anos e os demais acima de 25. A preparação deles é muito acima da do que estou fazendo e são as pequenas coisas que juntas formam um monte, são a diferença.

J.M. – Inclusive o físico, a musculatura deles é bem maior.

Emerson – Nossa, você viu como os caras são?

Uma musculatura surpreendente e, quem assistiu a final dos 110 metros com barreiras viu que o vencedor bateu o recorde olímpico e derrubou um “monte” de barreiras. Bater numa barreira que pesa 12,5 quilos, com o impacto, perde-se muita velocidade, aí dá para se ter uma ideia de como a musculatura é essencial.

J.M. – Para as Olimpíadas do ano 2000 certamente você estará melhor.

Emerson – Olha, depende de muitos fatores. Não me lesionar, machucar, melhorar o patrocínio, pois o gasto é muito grande. Para comprar vitaminas que são um complemento alimentar tive que tirar R$ 2.500,00 da poupança e isso que não comprei tudo.

J.M. – E agora?

Emerson – Vou descansar duas ou três semanas, voltar a faculdade, pois foram três meses só viajando, e fica difícil conciliar tudo. Este ano já participei de 22 competições. Em setembro terei os Jogos Abertos do Interior de São Paulo e começo minha base para o Mundial na Grécia.

J.M. – Voltando à Medianeira, de forma geral, aqui tem muita gente boa, que se destaca.

Emerson – Cara, Medianeira é um município como nunca vi outro, tem atletas que se destacam, são bons. Temos destaques no vôlei, basquete, atletismo, judô e outras modalidades.

J.M. – Você comentou que tem planos para Medianeira.

Emerson – Eu penso futuramente trabalhar seriamente aqui, se der tudo certo, montarei uma estrutura melhor, com ajuda de alguém. Preciso de ajuda, pois sem “Money” você não faz nada. Essa é a dificuldade, a grande dificuldade de patrocínios, mas tudo bem, deixa isso pra lá, pois não adianta ficar falando, falando que não vai mudar muito.

J.M. – Qual seria a saída, a solução?

Emerson – Na minha opinião aqui em Medianeira ou em outro lugar, deveria ser formada uma associação de empresas e prefeitura, todos juntos, daí com certeza seríamos um centro no esporte, com atletas destaque.

J.M. – É ruim ter que sair.

Emerson – A pior coisa que eu acho é o atleta ter que sair da cidade, ir para outro lugar, deixar a família, é complicado.

J.M. – O que você teria a dizer aos medianeirenses.

Emerson – Fico muito grato com tudo que fizeram por mim, o apoio que me deram, o carinho com que me trataram. Tenho a maior saudade daqui e, sempre faço questão de frisar que sou de Medianeira – Paraná e vejo que todos querem que eu vá para frente, demonstram confiança em mim.

J.M. – E você, chegará lá?

Emerson – Se alguma empresa, alguém me patrocinar, me ajudar nestes custos que preciso para me desenvolver, melhorar minha técnica, corrida, força, tudo mais, tenho certeza que vou para as Olimpíadas de 2000 na Austrália com chances de correr muito bem e até chegar ao pódio, pois estarei treinando forte, tendo o acompanhamento que preciso. Estarei de igual pra igual com os outros, daí é homem pra homem, “mandará” o melhor.

J.M. – Além da família, quem te apoiou no início?

Emerson – Meu primeiro professor, o José Roberto de Pierri. A gente fez um trabalho prolongado visando o Mundial Juvenil em 1992, cheguei ao pódio e com o decorrer do tempo consegui resultados muito bons. Tive a ajuda da Prefeitura, Pasini Pneus e a Lajes Patagônia, que me deu uma grande ajuda. Também me patrocinaram a Sudcoop e a Ninfa.

J.M. – Você não esperava toda essa recepção de Medianeira?

Emerson – Pensei: Vou chegar em casa, ver papai, mamãe, família né, matar as saudades, pois estava um tempão sem vê-los.

NOTÍCIAS DE DESTAQUE DO JORNAL MENSAGEIRO EM 1996

• Frigorífico de Aves da Cotrefal será em Matelândia
• Serranópolis do Iguaçu é município
• Eco Verão na Costa Oeste
• Medianeira terá telefonia celular este ano
• PMDB e PFL juntos na sucessão em Medianeira?
• Medianeira inaugura maior Escola Municipal de sua história
• Começa o quebra cabeça da sucessão de Baú
• Baú quita dívida do Calçadão
• PDT de Serranópolis sai na frente
• Sudcoop amplia frigorífico
• A festa do Vôlei de Areia
• Ainda estamos mendigando 3º Grau
• CEFET oficializa 3º Grau, vestibular agora em julho
• Indústria de congelados Cotrefal em Itaipulândia
• Neyla Marta fazendo sucesso
• De Medianeira a Top Model do Paraná
• Via CEFET em obras
• Medianeirense representando o Brasil em Atlanta
• Maralúcia será Distrito
• Iniciada a construção da Igreja São Cristóvão
• Perin é recebido com festa (REPORTAGEM EM DESTAQUE)
• 1ª Corrida do Porco
• Lançada Pedra Fundamental da Indústria Frigorífica de Aves
• Emoção na inauguração do CEACA
• Inaugurada sede da Acime
• Show de prêmios Cotrefal sorteia primeiro gol
• Em Medianeira deu Suzuke
• De Medianeira a campeã brasileira de judô
• Tiro de Guerra ainda poderá ser instalado
• Medianeira ganha espaço cultural com inauguração definitiva do CPC
• União na final da Taça Paraná
• Inaugurado Centro Popular de Cultura
• Extensão Unioeste só em 98
• Shopping Medianeira, o maior centro comercial e empresarial da região será inaugurado em breve

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