Especial

Nossos sentimentos

Nota de falecimento e homenagem a Nadir França Della Pasqua

Faleceu hoje (05), a senhora Nadir Della Pasqua. Viúva de José Della Pasqua, mãe de: Dr. José Silvestre Della Pasqua, Vitor Hugo, Dr. Reinaldo, Leda, Maria Emilia, Jorge, Nica e Júlio.

O velório será na Capela Nossa Senhora Aparecida, a partir das 20h. Amanhã (06) haverá celebração na Capela da Igreja Matriz às 8h15 e o sepultamento acontece às 9h30.

Como forma de homenageá-la, recordamos uma reportagem publicada em 2017 no site da Revista Mosaicos.

Sou fã de Medianeira

Para quem chegou em Medianeira de mala e cuia  e muito conhecimento em 1954 com o marido José Della  Pasqua  e quatro filhos, vinda de Porto Alegre- RS chega aos 89 anos e deixa uma história dignificante  para orgulho dos 8 filhos, 24 netos e 18 bisnetos. E para o mun icípio será a eterna Primeira Dama. Ela trabalhou como cartorária do Cartório de Registro Civil desde 1958. Em 1970 assumiu o Cartório de Registro de Imóveis que hoje tem como titular seu filho advogado Vitor Hugo Della Pasqua. Nadir França Della Pasqua faz um relato manuscrito de como veio para cá, os desafios, participação na comunidade e como espreita Medianeira hoje. O internauta pode conferir o texto original e o digitalizado.

“Na noite de 24 de junho de 1954 chegamos em Medianeira, com 4 filhos pequenos. Paramos no Hotel Fossá  e faziam de tudo para nos agradar. O Sr. João Fossá ia pescar todos os dias lambaris, pois carne não tinha; sua esposa Domingas procurava fazer  bolos para nós, mas não tinha todos os ingredientes e ficava mais ou menos, mas ninguém reclamava, só agradecia. Como viemos de Cascavel quase de improviso porque já tínhamos arrumado a mudança para voltar para o Sul, depois de ter morado um ano em Cascavel e não ter economizado nada. Disse para José:- Se é só para viver, vamos viver em Porto Alegre , lá será mais fácil dar estudo para as crianças. Ele até que concordou, mas na véspera de viajarmos chegou Pedro Soccol (colonizador de Medianeira) e fez uma proposta muito boa e acabamos vindo para cá. Como não tinha casa para morar, voltei para Porto Alegre com o filhos e José começou a trabalhar na Colonizadora Bento Gonçalves até que ele foi nos buscar depois que da casa pronta- era a única com veneziana, a mais bonita da cidade.

Como eu já tinha morado no interior no Sul ( Serafina Correa) seis anos-uma colônia italiana, não estranhei a vida  por aqui. Todos trabalhavam muito, eram felizes. Podia- se dormir sem passar a chave na porta. A cada mês ou dois chegava uma caminhonete com compradores de terra e era uma festança. A Firma Industrial Bento Gonçalves construiu uma Carpintaria e uma Casa da Imigração para abrigar as famílias até que as casas ficassem prontas. Quando chegava uma nova família era uma alegria, cantavam de noite e eu achava lindo. Quando se ouvia barulho de um carro (tinha só Jeep da Firma) era um alvoroço, pois o normal era silêncio…

Quando chegamos, a Igreja estava pronta e o hospital ia ser construído. Logo chegou o Padre Antão, o médico Alcebíades Barbosa e as Irmãs Servas do Espírito Santo, em 1955. No começo as aulas eram dadas por uma professora que vinha de Foz do Iguaçu nas segundas-feiras e voltava no sábado. Nunca esqueço que um dia ela lavou os sapatos e colocou no forno do fogão à lenha e esquecemos. Quando lembramos os sapatos tinham encolhido…rimos muito. A vida teria sido difícil para mim, mas tive a sorte de ter ótimos vizinhos, os Grapiglia. Qualquer aperto eu apelava para Natalina. De outras famílias também  lembro com carinho Toniello, Grandi, Cassânego, entre outras. Carne era uma vez por semana. Um belo dia, a comadre Josefina Faccin disse que podia nos ceder umas galinhas e lá fomos eu, Inelma  e as crianças longe uns quilômetros. Trouxemos duas galinhas cada uma dentro de um saco. E qual não foi a surpresa! Quando chegamos as galinhas estavam mortas. Ainda tentei colocar água no bico, mas nada. Essas são algumas recordações dos primeiros anos.

Hoje ao olhar para Medianeira, parece mentira. Um progresso imenso. Os pioneiros fizeram o que puderam, deram exemplo de trabalho e amor a esta terra. A vida aos poucos foi melhorando. Um lugar bom para se viver. Não falta nada, temos até problemas de trânsito como nos grandes centros… Rememorando os anos que passaram, vemos que sempre tivemos líderes que lutaram para progredir. Tive a sorte de meu marido, que amava Medianeira, ser eleito Prefeito e com isso tive a oportunidade de fundar a APMIF, depois com o Rotary, participar da fundação da ASR, da APAE. Por amizades adquiridas colaborei com a  fundação do Colégio Mondrone, fui “instada” a fundar o Clube Soroptimista . O importante também foi a concretização do sonho de ver nossos filhos formados.

Sinto uma alegria interior muito grande quando leio nos jornais ou fico sabendo por outros meios os acontecimentos, o progresso em todas as áreas, no comércio, na indústria, na agricultura, na educação, na saúde, na área social, no sistema cooperativista, nos clubes de serviço…

 Sou fã dessa cidade onde criei meus filhos e fui feliz com meu marido. Só tenho que agradecer.

O casal Nadir e José Della Pasqua em 2007.

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