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COVID-19

Um ano de pandemia – casos, decretos e a situação hoje em Medianeira

Há aproximadamente um ano, no dia 17 de março de 2021, a prefeitura de Medianeira editou o primeiro decreto (nº 104/2020) com medidas restritivas para combater a Covid-19. O documento suspendia todas as atividades, eventos, reuniões e audiências, prorrogação automática por 90 dias do prazo de receitas de medicamentos de uso contínuo e suspensão das aulas em escolas e centros municipais de educação infantil, a partir do dia 20 de março. Mesma recomendação para escolas e universidades particulares. No dia 19 mais restrições: academias, clínicas, casas de shows, parques e piscinas, escolas e cursos; fechamento dos estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço a partir de 21 de março e proibição de visitas hospitalares.

Foi o primeiro lockdown, que durou 14 dias. Funcionaram apenas atividades essenciais.

Medianeira teve o 1º caso confirmado no dia 29 de março. A sequência dos fatos foi o aumento constante de contaminações (conforme gráfico abaixo), oscilação de medidas restritivas com liberações até vir o segundo lockdown de 1º a 14 de julho. Era o pico de contaminações, inclusive em Medianeira, que em 29 de junho registrou o maior número de casos em um único dia: 93 novos casos positivos.

Agosto iniciou com adequações nas medidas de enfrentamento à pandemia. O decreto nº 231/2020, dentre as novas determinações, permitiu o retorno das atividades esportivas, sem a presença de público e o fim das restrições a crianças e idosos nos estabelecimentos comerciais.

Até o final de novembro, seguimos com poucas restrições, mas o número de casos continuou a crescer, principalmente nos meses de outubro e novembro. No dia 27 de novembro foi publicado o decreto nº 367/2020, suspendendo atividades de casas noturnas, boates, bailes, festas e eventos com música ao vivo ou mecânica, eventos sociais e esportivos coletivos em clubes sociais e espaços privados, com aglomeração de pessoas.

O final de ano foi de poucas restrições. E os meses de janeiro e fevereiro registraram grande número de infectados e colapso da saúde. Resultado: mais um lockdown até o dia 07 de março e em seguida restrições mais brandas, que valem até dia 25 de março (decreto nº 156/2021).

O Jornal Mensageiro fez um levantamento do número de casos confirmados em Medianeira, desde março de 2020 até ontem (18/03). Confira os dados e a análise dos números.

Gráfico – Números de casos confirmados em Medianeira até 18/03/2021

CRESCENTE DO NÚMERO DE CASOS CONFIRMADOS

29/03/20 – 1º CASO CONFIRMADO

29/04/20 – 8

29/05/20 – 21

29/06/20 – 272

29/07/20 – 838

29/08/20 – 1.052

29/09/20 – 1.339

29/10/20 – 1.827

29/11/20 – 2.389

29/12/20 – 2.897

29/01/21 – 3.629

28/02/21 – 4.205

18/03/21 – 4.546

– O total de casos confirmados de Covid-19 em Medianeira é de 4.546, até ontem (18).  Destes, 4.403 já estão recuperados, 75 estão em isolamento domiciliar, 07 em leito clínico e 08 em UTI. Até agora foram 50 óbitos.

– Foram 2.921 casos até dezembro de 2020;

– E 1.625 casos somente em janeiro, fevereiro e março de 2021;

– 2020 (março a dezembro) – média de 292 casos/mês;

– 2021 (janeiro e fevereiro) – média 650 casos/mês;

– 35,7% do total de casos confirmados em Medianeira foram em janeiro, fevereiro e março de 2021;

– A média/mês de 2021 é 47% maior do que em 2020.

PALAVRA DOS GESTORES

Decidir pela coletividade não é tarefa fácil, ainda mais quando o assunto é saúde. Para falar da experiência, entrevistamos o ex-prefeito de Medianeira, Ricardo Endrigo, e o atual gestor do município, Antonio França.

Ricardo Endrigo – Ex-prefeito de Medianeira (geriu o município durante 10 meses de pandemia em 2020)

“Desde um primeiro momento, mesmo quando a pandemia nem tinha chegado no Brasil, as notícias já nos preocupavam. Porém, quando aconteceram os primeiros casos no país, foi como um efeito dominó chegando ao Paraná, na região e em Medianeira, aquilo foi uma apreensão muito grande, tudo era novo e desconhecido.  E o pior é que ninguém sabia ao certo como proceder. Não tínhamos uma coordenação de como agir, mas aos poucos fomos colocados todos no olho do furacão e tivemos que conjuntamente ou isoladamente tomar decisões e as tomamos, sem titubear. Tivemos que retroagir de decisões tomadas, seguir mais tempo com outras restrições, mas o importante era fazer aquilo que a ciência recomendava, pois o objetivo nosso era prioritariamente salvar vidas e organizar o nosso sistema de saúde para atender a demanda, que nem sabíamos qual seria. Reitero aqui que sempre segui as orientações técnicas da equipe de saúde (com base na ciência) e do comitê de crise. O mais difícil foi equacionar as restrições recomendadas com as atividades econômicas. Acho que fiz a minha parte enquanto gestor.

As lições que tirei de tudo isso é que fica muito difícil lidar com as pessoas em momentos de crise, cada uma tem seu ponto de vista, sua opinião e, como administrador, você ouve a todos e não consegue tirar a razão individual de ninguém.  Porém, coletivamente temos que tomar atitudes que preservam e tutelem a coletividade. Naqueles momentos, a vida e a saúde pública eram os interesses coletivos a serem preservados e priorizados.

Outra lição, agora estando fora, mas com o vírus vitimando pessoas de minha família, de nossa sociedade e do país é que continuamos ainda no olho do furacão, sem saber para onde ir, sem uma coordenação nacional por parte do Ministério da Saúde, deixando governadores e prefeitos perdidos, com os sistemas de saúde público e privado colapsado no país inteiro e as pessoas morrendo, agora em muitos casos sem assistência mínima e decente. Isso sempre foi a minha preocupação: dotar a rede municipal de condições decentes para atender a nossa gente.

Se cuidem, usem máscaras, mantenham o distanciamento, higienizem as mãos com água e sabão ou na falta deste, com álcool gel. A vacina é a única solução!”.

Antonio França – Prefeito de Medianeira (está gerindo o município há quase 3 meses em 2021)

“Em um ano, muita coisa a gente aprendeu, mesmo assim é muito difícil conviver com esse momento. Quando assumimos a Administração, sabíamos que teríamos que conviver com esta situação e os desafios surgem diariamente. É complicado termos que equilibrar a questão econômica e a saúde. Sabemos que as pessoas precisam trabalhar para sobreviver, mas ao mesmo tempo, temos que considerar que os profissionais de saúde estão exaustos, o sistema está colapsado e precisamos oferecer atendimento digo aos que precisam. A situação exige muito diálogo, muita serenidade e sabedoria para tomar a melhor decisão no sentido de proteger a vida, bem maior das pessoas.

A vacina traz um pouco de esperança, mas está vindo aos poucos. As pessoas precisam continuar se cuidando e respeitando as medidas sanitárias”.

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