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Memórias

MEMÓRIA

Revista Veja e as “Terras Jovens” do Paraná

Data de publicação original: 14/11/2024

Número da edição original: 2336

Já falamos em outras edições sobre jornais da década de 1950 que publicaram reportagens sobre Medianeira. E no ano de 1969, a Revista Veja, que havia sido fundada no ano anterior, publicou uma notícia sobre as “terras jovens” do Paraná, se referindo a Medianeira.

A reportagem publicada na edição nº 33, de 23 de abril de 1969, ocupa duas páginas da Revista (18 e 19) e aborda o intenso fluxo migratório de moradores do Rio Grande do Sul para a região oeste do Paraná, em busca de terras férteis e de novas oportunidades. De acordo com a reportagem, os migrantes levavam cerca de “72 horas de viagem entre terras cansadas e o jovem Paraná”. Entretanto, de acordo com alguns depoimentos de pioneiros que temos nos arquivos da Casa da Memória, algumas viagens podiam durar até mais dias, especialmente se chovesse e tivessem que esperar a chuva passar e as estradas secarem um pouco para seguir viagem, já que as estradas não eram asfaltadas.

Migrantes em viagem para Medianeira. Com o caminhão cheio da mudança, quando chegava nas subidas, as pessoas tinham que descer e ir caminhando para aliviar a carga

A reportagem traz aspectos interessantes para pensarmos os motivos de tantas famílias terem migrado para Medianeira entre as décadas de 1950 e 1960. As terras do Rio Grande do Sul já eram terras cansadas, pequenas e não produziam com qualidade. Aqui, os migrantes esperavam produzir “dez vezes mais” do que lá. “A agropecuária gaúcha sofre de três males: não há mais terras a serem conquistadas, a propriedade é mal distribuída e inexistem pesquisas científicas e tecnológicas”, destacava o texto.

No início do ano de 1969, cerca de 2.190 famílias gaúchas deixaram sua terra natal para migrar para oeste do Paraná. Além das terras férteis, porque eram áreas de mata nativa, que estavam sendo derrubadas para a construção da cidade, havia também muitas oportunidades de emprego, a necessidade de mão-de-obra especializada e a questão ainda mais atrativa: os trabalhadores recebiam salários maiores do que nas cidades gaúchas.

Professor Lino Richetti, com 26 anos, recém-formado em Filosofia, havia acabado de chegar a Medianeira para ganhar 693 cruzeiros novos, dando três aulas por semana de História e Geografia. Em Nova Prata, sua cidade natal, estaria ganhando, trabalhando a semana inteira em todos os horários, 430 cruzeiros novos

Em 1969, com dezenove anos de existência, “Medianeira passou de um ponto no mapa e de mata fechada a uma cidade com três ginásios, uma escola normal, 98 grupos escolares, uma escola de técnicos em contabilidade, estádio municipal, três hospitais, cinema com tela panorâmica e trezentos lugares, estádio de futebol, Igreja Católica, Luterana, Assembleia de Deus, frigorífico, 200.00 arrobas de fumo e 45.000 porcos abatidos no ano”, informou a Revista Veja. E para finalizar, na visão do prefeito da época José Della Pasqua, a reportagem apresenta dois principais problemas da região no final de 1969: a grilagem e o litígio das terras e o grande problema das estradas e escoamento da produção, apresentando como essencial a melhoria das estradas. “O asfalto dessa estrada será o verdadeiro sinal de afirmação do Sudoeste brasileiro e da lavoura que os gaúchos plantaram fora de seus Estado natal”, afirmou José Della Pasqua em entrevista à Revista Veja em 1969.

Esse documento é apenas uma pequena amostra do acervo que estamos construindo na Casa da Memória. A aquisição dessa edição da Revista Veja aconteceu através de parceria com o Centro de Estudos e Pesquisas Sobre a América Latina, da UNIOESTE de Marechal Cândido Rondon, mas a Casa da Memória está sempre de portas abertas para qualquer cidadão que tenha o interesse em compartilhar suas memórias, informações e documentos históricos, que constituem a História de Medianeira.

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A Casa da Memória Roberto Antonio Marin de Medianeira é a guardiã das memórias do município, um espaço dedicado à documentação, pesquisa e resgate do Patrimônio Cultural.

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