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Nosso Povo

EM BUSCA DO SONHO

De Medianeira para a Austrália

Neste ano, Moriel completou sete anos na Austrália e há dois meses conseguiu residência permanente no país

Moriel Hanzen nasceu em Medianeira em 1987, filha de Elo e Severa Hanzen, irmã do Moacir, Marisa, Mauro, Márcia, Marco e Mara Hanzen. “Minha infância foi tranquila como toda criança que nasce aqui, na minha adolescência estudei no Colégio Mondrone, fiz curso de Espanhol, teatro e informática entre outros. Minha família resolveu mudar para o município vizinho de São Miguel do Iguaçu, onde moramos em por cinco anos e também onde comecei a jogar voleibol. Depois voltamos a Medianeira, onde terminei o meu 3º ano e iniciei o curso de Turismo na Uniguaçu/Faesi, me apaixonei pelo curso e também vi a necessidade da língua inglesa para me posicionar melhor na área. Iniciei o Fisk. Me mudei para Foz do Iguaçu, já que a cidade é referência em turismo internacional e isso ajudaria muito para iniciar minha carreira no turismo”, lembra ela.

Em Foz do Iguaçu, Moriel começou a trabalhar em uma agência de turismo emissiva e continuou o curso de Turismo na UDC – União Dinâmica Cataratas. Neste trabalho, ela acompanhava grupos de turismo para shows, concursos e eventos diversos, como coordenadora e guia. “Depois de alguns anos essa empresa iniciou sociedade com a maior empresa de Turismo Receptiva da cidade, Loumar Turismo, que conta com a maior estrutura de turismo da cidade de Foz do Iguaçu, assim como rede de hotéis. Nesta empresa pude desempenhar diversos cargos e aprender sobre diversos setores, como transporte, marketing, vendas pessoais e online, guia e coordenadora de grupos”, relata.

Formada em 2008, Moriel viu a necessidade vivenciar a língua inglesa para se aprimorar na profissão. “Meu sonho foi sempre ir para os Estados Unidos, onde na época acreditava que a melhor opção seria me tornar babá para poder ir trabalhar lá. Cheguei a me cadastrar em uma empresa especializada nisso, mas infelizmente não tive muito sucesso, pois quando as famílias me ligavam, meu inglês era muito básico e não conseguia me comunicar. Então pensei em começar a trabalhar em cruzeiros, mas também sem sucesso. Em 2011 surgiu um Intercâmbio para a Austrália. Tive menos de três meses para organizar a viagem, finalizar tudo com meu trabalho. Não sabia praticamente nada sobre a Austrália, nem mesmo qual era a moeda do país. Mas nesse tempo, pesquisei e me organizei. Nunca havia saído do país de avião, então toda essa experiência me amedrontava muito. Mas a vontade de aprender inglês e ter uma experiência internacional eram maiores que tudo. Fui literalmente com a cara e a coragem”, conta a turimóloga.

Moriel chegou a Sydney-Australia no dia 01/06/2011. No primeiro mês morou em uma casa de família Australiana (Homestay), que ajudou muito no início de vida lá, levando para conhecer a escola que estudaria e onde pegar o ônibus, por exemplo. “Mas essa família era meu porto seguro apenas por um mês; depois disso eu precisaria me virar para achar um lugar pra ficar. O início não foi fácil, pois achei que o dinheiro que eu levei daria para sobreviver um tempo e eu poderia me dedicar mais aos estudos primeiramente. Mas eu não tinha noção do custo de vida em Sydney, e logo a reserva que levei havia acabado”, relembra.

Segundo ela, tudo era uma grande barreira: a cultura, a língua inglesa (britânica), comida, estilo de vida, viver e ter que se virar com tudo sozinha. “No meu segundo mês já tive que procurar por um trabalho, para conseguir sobreviver, pois não queria ligar para minha família e pedir ajuda, já que a ideia de fazer o intercâmbio foi minha. Meus primeiros trabalhos, assim como 98% das pessoas que fazem um intercâmbio para a Austrália, foram braçais: limpeza de escritórios, garçonete, depois com limpeza de casas, recepção em eventos, etc. Depois de cinco meses estendi meu visto. Depois estendi novamente para seis meses e então para dois anos. No terceiro ano, consegui um visto de trabalho como dependente, que me deu o direito a trabalhar legalmente em escritórios. Comecei a trabalhar em uma empresa de intercâmbio por um ano, depois outra empresa de intercâmbio e também de migração. Agora estou trabalhando há um ano, no cargo de Administração e Marketing de uma escola de Inglês e de Curso Vocacional chamada Lonsdale Institute, que recebe alunos de todos os países do mundo”, descreve.

Neste ano, a jovem medianeirense completou sete anos na Austrália e há dois meses conseguiu residência permanente no país. “Além da escola que trabalho, tenho meu negócio particular que é a aplicação de vistos dos estudantes do mundo todo que vão para a Austrália fazer intercâmbio. A Austrália é um dos países que mais recebe estudantes internacionais. Tem o intercâmbio como a segunda economia do país,  perdendo somente para mineração. Acredito que o país tem um dos maiores potenciais do mundo, e o que faz a total diferença é a questão de segurança que o país oferece, a cultura e a educação. A igualdade social  mostra que ninguém é diferente de ninguém e oferece oportunidade para todos que têm vontade de trabalhar e correm atrás de seus sonhos”, comenta.

E para finalizar uma lição: “em sete anos lá passei de faxineira a diretoria de uma escola e tenho um padrão econômico e qualidade de vida que acredito que não conseguiria no Brasil no mesmo período. Se posso servir de exemplo como cidadã medianeirense, que foi em busca de novas oportunidades, gostaria de me colocar à disposição dos jovens que queiram tirar dúvidas e buscar novos horizontes”.

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Por: Ana Cláudia Valério

Mestre em Educação, Especialista em Docência no Ensino Superior e graduada em Comunicação Social – Jornalismo. Tem experiência em Jornalismo nas áreas de Televisão, Assessoria de Comunicação e Jornal Impresso, tendo trabalhado em veículos de comunicação, instituições de ensino superior e campanhas políticas. Hoje é editora do Jornal Mensageiro e coordenadora de Gestão e Memória da Casa da Memória Roberto Antonio Marin, de Medianeira.

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