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Nosso Povo

Gratidão por trabalhar como médico

A redação do Jornal Mensageiro recebeu a visita especial do médico Davides Nunes Alves, irmão de Adevanil José Alves (conhecido como Breik, que colabora conosco no Jornal Mensageiro); que esteve em Medianeira para visitar seus familiares e ilustrará a Coluna Nosso Povo desta quinta-feira.

Filho de Odilon e Aniseta Nunes Alves, Davides nasceu em Marquesita (distrito de Matelândia) no dia 22 de junho de 1973 e veio morar em Medianeira aos três anos de idade. “Como eu era de uma família humilde com 09 irmãos, comecei a trabalhar bem cedo. Com 10 anos, comecei a vender picolé pela cidade, engraxava sapatos, vendia roupas. Fui lavador de carros de muitas famílias tradicionais como os Callegari, Capoani e da antiga Serraria que estava localizada na Rua Argentina, onde hoje fica a Trento Ferragens. Algum tempo depois comecei a trabalhar numa mecânica”, relembrou.

Neste meio tempo trabalhando, Davides relembra de um acidente que havia sofrido na mecânica. “Era Quinta-Feira Santa, estava fazendo faxina e sofri queimaduras graves. Por causa disso, fiquei internado em Medianeira por cinco dias e, posteriormente, encaminhado a Foz do Iguaçu; onde fiquei internado mais 25 dias. Quando estava chegando a hora de fazer o transplante de pele, me levaram para Curitiba; onde fiquei seis meses internado no Hospital Evangélico entre a vida e a morte. Chegou um momento em que eu não queria mais viver, passando meses e meses no hospital sem poder fazer nada. No entanto, os profissionais viviam dizendo que eu teria um futuro brilhante pela frente e precisava estudar”, recorda o médico.

E mal sabia Davides que esse tempo todo internado seria seu primeiro contato com a profissão que seguiria. “A partir do quinto mês na capital comecei a ajudar as outras pessoas que estavam internadas. Percebi que havia outras pessoas em situações piores que a minha e que precisavam de ajuda. E foi nessas ocasiões que despertou em mim o dom de estudar para ser médico e ajudar ao próximo. Porém, como um rapaz de família humilde, num país como o Brasil, conseguiria ser médico?”, disse.

“Minha irmã trabalhava de doméstica na casa do casal Carmen Loro e Leonir Loro e eu cuidava do lar quando eles viajavam. E eles, sabendo que eu queria estudar Medicina, mesmo sem condições de pagar a faculdade, olharam para mim e disseram ‘se você realmente tem interesse e é seu sonho, estamos aqui para ajudar’. Realizei meu sonho e fui para a Bolívia cursar Medicina por sete anos em Cochabamba e, de lá, fui para o Paraguai, em San Alberto; atuando há 17 anos como médico do interior, fazendo um pouco de tudo com atendimento domiciliar – desde a classe econômica alta até a mais baixa possível”, descreveu.

Questionado sobre que trabalhos têm realizado no decorrer dos anos, garantiu que “foram pelo menos três mil partos entre normal e cesariana, além de outros atendimentos como clínico geral, após realizar estudos em psicopatologia médica”. Sobre a ida à cidade de San Alberto, Davides relembra alguns fatos sobre a carreira na medicina. “Fui o segundo médico a chegar naquela cidade, o médico pioneiro a trazer a cirurgia videolaparaloscópica, o segundo a fixar residência em San Alberto, onde  construí a Clínica Bom Jesus”, comentou.

Após tantos anos atuando em San Alberto, Davides confidenciou que houve uma reviravolta em sua vida profissional, explicando que estava cansado de trabalhar com a medicina ‘arroz e feijão’ todos os dias. “Eu dormia com o celular e a roupa de plantão do lado da cama, era todos os dias essa rotina. Morava em frente ao hospital e, qualquer acidente ou cirurgia de emergência, ligavam para mim e eu saia para atender – era de segunda a segunda-feira. Além disso, a idade está chegando e eu preciso desacelerar um pouco. Por isso, mudei-me para Puerto Carmelo Peralta, Paraguai, que faz divisa com Porto Murtinho (MS), há um ano e meio. Lá, estou construindo meu consultório, de frente para o Rio Paraguai. Além disso, concluí um curso de Medicina Chinesa e serei o primeiro médico a implantar esse sistema naquele país; estendendo para Porto Murtinho”, confirmou o médico.

Antes de concluir a entrevista, perguntamos ao médico que pessoas colaboraram muito em sua vida pessoal/profissional. “Dentre tantas personalidades que ajudaram, cito o Roberto Marin, que foi meu professor de História na época do Colégio Fênix. Me incentivou bastante na literatura e um grande amigo. Inclusive me visitou no consultório em San Alberto, Paraguai. Tenho grande admiração por essa pessoa; professor Suzuke que também marcou minha vida em Medianeira. Ao casal Carmen e Leonir Loro, que tenho gratidão eterna pelos primeiros passos na Medicina. E, em especial, à Mirtis Maria Valério, que teve um papel muito importante ao comunicar-se com empresários que ajudaram na minha formação pessoal e profissional”, concluiu.

Nosso Povo

Por: Tanner Rafael Gromowski

Formado em Letras português/espanhol pela UDC Medianeira, pós graduado em Língua Portuguesa pela FAG Cascavel, trabalha como repórter e redator desde 2013 no jornal Mensageiro.

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