No front, pela Saúde
Por Tanner Rafael Gromowski . 9 de abril de 2020 . 10:48
“Faz 22 anos que trabalho na área da Saúde”, assim iniciou a fala da nossa entrevistada da Coluna Nosso Povo desta semana, a Coordenadora da Vigilância em Saúde de Medianeira, Cleide Mari da Silva.
Cleide relembrou todo o caminho que fez até chegar à função que ocupa hoje. “Comecei trabalhando como atendente no Hospital Municipal Padre Tezza de Matelândia e pouco tempo depois estudei Auxiliar de Enfermagem e graduação em Enfermagem também. No início de 2006, vim a Medianeira para cobrir uma licença maternidade numa Unidade Básica de Saúde, prestei concurso e tornei-me funcionária municipal. Até 2010 trabalhei no Posto de Saúde Central (hoje UBS Centro) e, ao mesmo tempo, também fazia Auditoria. No ano seguinte, passei para a Vigilância Epidemiológica como Coordenadora da Vigilância em Saúde; que engloba as Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária, Saúde do Trabalhador e Ambiental”, disse.
A enfermeira também descreveu quais as funções exerce nas vigilâncias. “Faço inspeções em todas elas: acompanhamentos, atendo pacientes, notifico, encerro notificações, coleto dados epidemiológicos. No Trabalho, envolve prevenção de acidentes de trabalho e saúde do trabalhador. Na Ambiental, além da eliminação dos focos de Dengue, também envolve doenças relacionadas a cães, gatos e bichos peçonhentos. Na Epidemiologia são vários agravos, principalmente os infectocontagiosos como a Dengue, Hanseníase, Tuberculose, HIV, Hepatites, H1N1, Influenzas e Covid-19”, pontuou.
E em todos esses anos de trabalho, 2019-2020 têm sido atípicos por causa da epidemia de Dengue (até o final da manhã desta quarta-feira, havia 1.171 casos confirmados, 1.612 notificados e 05 óbitos) e, recentemente, contaminações pelo coronavírus. “Em 2009 tivemos a pandemia da H1N1, que foi trabalhoso, cansativo, passou. Em 2010 teve a epidemia de Dengue, em 2016 mais uma vez tivemos epidemia de Dengue, passei todo o período com o braço fraturado e sem um dia de atestado. Já 2019-2020, é algo totalmente diferente: desde fevereiro, estamos trabalhando incansavelmente, de domingo a domingo, das 07h às 22h presencialmente; mas em casa o celular não para de tocar. É muito problema para resolver, acabamos nos envolvendo por causa da preocupação com os pacientes, do aumento constante nos casos de Dengue em Medianeira, que já passou dos milhares… E agora com casos confirmados do Covid-19, ficamos angustiados, ansiosos sem saber o que acontecerá no dia seguinte, como o vírus se comportará, quanto tempo durará a pandemia; porque o que temos de concreto são os casos que estão acontecendo no Brasil e no exterior. Eu tive que sair de casa porque meus pais são idosos e, como trabalho na área da Saúde, tenho medo de eles ficarem doentes. Se eu ficar em casa e acontecer algo com eles, me sentirei culpada. Sei que não é fácil, mas como aconteceu nos anos anteriores, tudo vai passar”, descreveu.
A Coordenadora da Vigilância também alertou sobre suspeitos de estarem com os sintomas do coronavírus e, ainda assim, circulando pela cidade. “Recebemos diversas denúncias da população. Se não respeitarem as recomendações de isolamento, acionaremos a polícia, assinarão um Termo Circunstanciado e serão processados. Portanto, fiquem em casa”, avisou Cleide.
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