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Nosso Povo

Pioneira de medianeira

Fui recebida com um delicioso café e muito acolhimento na casa de Armelinda Girardi Bassani. Muito lisonjeada em ser entrevistada, a pioneira de 94 anos, estava me esperando na companhia da filha Sonia. Um momento de muitas memórias, lembranças e orgulho por ter ajudado a construir Medianeira.

Armelinda nasceu em 02 de outubro de 1928, em Tapejara (RS), mas foi em Passo Fundo que conheceu e casou-se com o marido Italvino Dionísio Bassani (in memoriam). “Casamos em 15 de novembro de 1950. No dia em que foi programado choveu tanto, que a cerimônia teve que ficar para o outro dia de manhã”, relembra.

Já casados e com seis filhos: Luiz Alberto, Berenice Lucia, Nestor Eugênio, Sonia Salete, José Paulo (in memoriam) e Mauro Francisco, o casal migrou para Medianeira, em 1965. Aqui nasceu a 7ª filha, Isabel Cristina. “Eu tinha um irmão que morava aqui, aí meu marido veio conhecer e adorou. Lá em Passo Fundo nós tínhamos tudo em casa e vendemos para vir para Medianeira. A viagem foi uma loucura, meus filhos choravam e eu também. Viemos de caminhão, na mudança as roupas, as panelas e só”, recorda D. Armelinda. Ela complementa que estranhou muito aqui. “Lá em passo Fundo não tinha luxo, mas tinha água encanada e aqui tinha que puxar água do poço”.

O marido Italvino trabalhava com artefatos de cimento, e depois passou a fazer granitos para túmulos, pias, tanques, nos fundos da casa onde Armelinda ainda mora. “Quase 90% dos túmulos do Cemitério antigo aqui de Medianeira foi meu pai que fez, além de várias outras obras da cidade”, destaca a filha Sonia.

Armelinda cuidava da casa, das crianças e costurava para fora, além da dedicação à comunidade de São Cristóvão. “Até uns quatro anos atrás, eu lia na Igreja durante missa, sempre fui muito participativa. Ajudava nas festas da comunidade, descascava batatinha, fazia cuca, eu trabalhei bastante. E depois de um tempo, eu e a D. Francisca Marsaro Felini arrumávamos a Igreja. Foi muito bom”, recorda.

Ao comparar Medianeira daquela época e hoje, D. Armelinda conta das jantas que faziam entre os vizinhos e que hoje não existem mais e é assertiva ao dizer que ela e o marido acertaram ao vir pra cá. “Claro que agora Medianeira é mil vezes melhor. Quando chegamos morávamos numa casinha de madeira, o sanitário era fora, tudo precário, não tinha água. Tinha muito barro, que grudava nos pés, eu sempre dizia: ‘nunca mais vamos ter os pés limpos’ (risos). Ao redor não tinha nada. Enfim, foi muita luta, mas valeu a pena, principalmente porque eu tenho uma família maravilhosa!”, finaliza.

 

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Por: Ana Cláudia Valério

Mestre em Educação, Especialista em Docência no Ensino Superior e graduada em Comunicação Social – Jornalismo. Tem experiência em Jornalismo nas áreas de Televisão, Assessoria de Comunicação e Jornal Impresso, tendo trabalhado em veículos de comunicação, instituições de ensino superior e campanhas políticas. Hoje é editora do Jornal Mensageiro.

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