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Nosso Povo

Profissional da costura manual

O Dia do Alfaiate foi comemorado no Brasil no dia 06 de setembro. A data homenageia uma das profissões mais antigas do mundo, especialistas em criar, costurar ou reformar roupas artesanalmente. Ao contrário dos estilistas, são direcionados para a moda masculina, criando ternos, calças, paletós e outras peças exclusivas – utilizando, principalmente, tesoura e fita métrica.

Para homenagearmos esse profissional, a Coluna Nosso Povo desta semana conta a história do gaúcho natural de Erechim, Vicente Vanzin, que trabalha como alfaiate há 46 anos. “Aprendi muito jovem quando ainda morava no Rio Grande do Sul junto com meus irmãos que trabalhávamos na roça e, ao chegar a Medianeira em 02 de junho de 1975, segui a profissão com meu irmão Casemiro e o Seu Zanella, que era dono da loja”, relembra Vanzin.

Para confeccionar ou consertar, os alfaiates exercem atividades como tirar medidas de cliente, traçar moldes e cortar o tecido segundo o molde, ajeitar as peças, fazer uma prova no corpo do cliente e efetuar ajustes, costurar e fazer o acabamento. “Ao contrário do que muitos pensam, nossa profissão tem pelo menos 14 classificações, como mestre-alfaiate, contra-mestre, oficial-alfaiate, coleteiro, calceiro, acabador e buteiro. Logo que comecei, eu era o Oficial de Paletó, que confecciona o paletó completo ou peças a rigor como dinner-jacket, fraque e casaca”, explanou o alfaiate.

Sobre continuar exercendo a profissão, Vanzin destaca as mudanças que aconteceram com a chegada da tecnologia e industrialização. “Tudo o que conquistei na vida foi através dessa profissão, que infelizmente está acabando. Hoje em dia, poucas pessoas estão interessadas na profissão, pois ainda é um trabalho manual e requer paciência e dedicação, além do vestuário ser cada vez mais voltado para a produção industrial”, disse Vicente. “E a maioria dos jovens hoje não têm muita paciência para aprender a profissão com calma”, completou, bem humorado.

CURIOSIDADES SOBRE A ALFAIATARIA – 1) A palavra “terno” vem do termo árabe Alkhayyár, que significa “coser” (costurar). Foi a peça que revolucionou as vestimentas masculinas, nascida em Londres, que, por isso, se tornou referência em alfaiataria. 2) Na Era Antiga, os alfaiates criavam peças exclusivas e com tecidos nobres – foi assim que teve início a alta costura. Tinham um olhar mais apurado para a modelagem do corpo e design das peças e possuíam credibilidade com os clientes da nobreza. Eram eles quem diziam quais ovelhas tinham a melhor lã e orientavam o tecelão para procurar o tecido ideal. 3) As alfaiatarias eram os locais onde grandes nomes da sociedade se reuniam para conversar. Tanto que, durante a Conjuração Baiana em 1798, as alfaiatarias foram palcos das reuniões dos membros do movimento rebelde, que buscava a emancipação política da colônia brasileira e outras importantes mudanças sociais. Esse levante ficou conhecido como a Revolta dos Alfaiates, porque tinha como dois de seus principais líderes, os alfaiates Manuel Faustino dos Santos Lira e João de Deus do Nascimento, e a essa classe trabalhadora foi a que mais aderiu ao movimento. 

Nosso Povo

Por: Tanner Rafael Gromowski

Formado em Letras português/espanhol pela UDC Medianeira, pós graduado em Língua Portuguesa pela FAG Cascavel, trabalha como repórter e redator desde 2013 no jornal Mensageiro.

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